Dos 23 subsetores da indústria de transformação acompanhados pelo índice, 19 mostraram evolução entre janeiro e março/24 (Foto: Divulgação)
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Pequenas e médias empresas elevam faturamento em 11% no primeiro trimestre
Infraestrutura e indústria contribuem para avanço após normalização da cadeia global e aumento da demanda interna
As pequenas e médias empresas (PMEs) tiveram alta de 11% no faturamento nos primeiros três meses do ano, de acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). Em março, a expansão havia sido de 4,7% na comparação com fevereiro.
Mantendo a tendência apontada no trimestre anterior pelo índice, as PMEs da indústria seguiram com avanço de 15,6%, em comparação ao primeiro trimestre de 2023. De acordo com o comunicado, o resultado reflete o próprio crescimento da demanda doméstica e a normalização das cadeias globais de produção – que tem resultado em expressiva queda de custos, sobretudo para indústrias de menor porte.
As PMEs de Infraestrutura cresceram 5,9% no mesmo período, puxadas por atividades classificadas como: Serviços especializados para construção (que englobam serviços em obras imobiliárias desde a fundação até a fase de acabamento), Captação, tratamento e distribuição de água e Descontaminação e Outros serviços de gestão de resíduos.
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, monitorando 678 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: comércio, indústria, infraestrutura e serviços.
Segundo o economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, Felipe Beraldi, além da resiliência no mercado de trabalho, começaram a aparecer, mesmo que discretamente, os efeitos da queda da taxa básica de juros (Taxa Selic), refletindo nas concessões de crédito às pessoas físicas.
“De fato, as projeções do mercado para o desempenho do PIB brasileiro voltaram a subir nas últimas semanas, após a divulgação de diversos indicadores. Segundo o relatório Focus do Banco Central, espera-se crescimento de 1,9% da economia brasileira em 2024 e a projeção anterior era de +1,5%”, explica.
Setores
Dos 23 subsetores da indústria de transformação acompanhados pelo índice, 19 mostraram evolução entre janeiro e março/24. Destaque para Metalurgia, Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados e fabricação de móveis.
Serviços também teve tendência positiva no mercado de PMEs no primeiro trimestre de 2024, com crescimento de 8%. “O avanço da renda e a redução das pressões inflacionárias contribuem para a ampliação do poder de compra das famílias e das empresas, favorecendo os prestadores de serviços nos mais variados ramos de atividades do segmento”, afirma Beraldi.
Apesar do avanço na Indústria e em Serviços, a grande surpresa indicada pelo IODE-PMEs no início de 2024 foi a retomada do aumento de faturamento das PMEs do Comércio em termos anuais. O segmento cresceu 4,6%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado foi puxado pela retomada do Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (+36%) e do Comércio atacadista (+3,5%). No atacado, destaque para produtos odontológicos, fios e fibras beneficiados e bebidas.
Tendência
O economista observa que esse panorama setorial é diferente do observado no decorrer de 2023 – em que o desempenho do índice mostrava diferenças setoriais relevantes. “Com isso, a evolução recente das PMEs se configura novamente como um importante antecedente positivo do PIB brasileiro no período”, ressalta.
O IODE-PMEs também apresenta uma visão regionalizada do comportamento do mercado de pequenas e médias empresas no país. O índice aponta que a ascensão do mercado foi disseminado na maioria das regiões: Sudeste (+9,7% ante o primeiro trimestre de 2023), Sul (+9,3%), Nordeste (+8,4%) e Centro-Oeste (+23,5%) – este último sobre uma base de comparação significativamente fraca do ano anterior. A região Norte é a única que apontou uma retração no período (-3,4%).
O desempenho do IODE-PMEs no início de 2024 (sobretudo no primeiro bimestre do ano) foi positivo em relação às projeções do IODE-PMEs para o período. Seguindo essa tendência de avanço, a estimativa é que o setor cresça +4,3% em 2024 ante 2023.
“Fatores importantes que viabilizaram a retomada do mercado no decorrer de 2023 seguem produzindo efeitos positivos nos últimos meses”, afirma o economista. São elas: resiliência do mercado de trabalho; redução da inflação sobre as famílias e aumento de poder de compra e a retomada do crescimento do faturamento da pequena indústria, com destaque para a normalização das cadeias globais de produção e seus efeitos sobre os custos do setor.