O 24º Seminário Internacional do Café reuniu autoridades, empresários e especialistas e registrou em Santos um recorde de participação, com mais de 900 inscritos de 33 países (Foto: Reprodução/TV BE News)
Região Sudeste
Seminário do Café termina com foco em práticas sustentáveis
Painel sobre o ESG no mercado do café foi destaque junto à palestra sobre o fortalecimento da marca do produto nacional
Terminou na quinta-feira (23) a 24ª edição do Seminário Internacional do Café. O evento, realizado pela primeira vez em Santos (SP), reuniu autoridades, empresários e especialistas para discutirem questões de diferentes áreas referentes ao setor cafeeiro, e registrou um recorde de participação, com mais de 900 inscritos de 33 países.
No dia de encerramento, as práticas de ESG (governança ambiental, social e corporativa) foram destaque. A abertura do dia contou com um painel que debateu as inovações necessárias para o setor se adequar aos desafios climáticos dos próximos anos, além do uso da Inteligência Artificial na agricultura.
Em seguida, foi a vez do painel Regulatório/Agenda Verde, que abordou o novo cenário do fluxo do comércio global de café em tempos de ESG. A mesa teve a participação da secretária-geral da Federação Europeia do Café, Eileen Gordon Laity, o diretor nacional da Rainforest Alliance, Yuri Feres, o diretor executivo da Associação Britânica do Café, Paul Rooke, o fundador e secretário geral da SCTA (Associação Suíça do Comércio do Café), Michael Von Luehrte, e o CEO do Cecafé, Marcos Matos.
A secretária geral da Federação Europeia do Café, Eileen Gordon Laily, falou sobre a Regulamentação do Desmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês). As novas regras serão aplicadas a partir do dia 30 de dezembro deste ano, e estabelecerão uma série de exigências sobre a origem do café que chega à União Europeia.
O primeiro dos requisitos é que o café que chegar deve vir de uma área que não foi desmatada depois de 31 de dezembro de 2020. Outro ponto é que a origem do produto deve seguir todas as legislações estabelecidas, não apenas relacionadas às leis ambientais, mas também legislações relacionadas aos direitos humanos, trabalhistas, anticorrupção, transparência, entre outras.
O terceiro requisito é a produção de uma diligência prévia que deverá ser enviada em um sistema eletrônico, para analisar se o produto está alinhado com os outros requisitos, além de mitigar riscos. O documento deverá ter coordenadas geográficas do local onde foi produzido e colhido, para saber se o espaço atende às exigências.
Eileen também falou sobre a importância da integração com o setor cafeeiro do Brasil para traçar estratégias em comum. “Essa colaboração é essencial. O Brasil é um ótimo exemplo. Conversamos com o Marcos [Matos, CEO do Cecafé] por, pelo menos, cinco anos, mas não só ele. Falamos com a CNC [Conselho Nacional do Café], associações comerciais… Então a comunicação tem sido muito boa e isso nos permite trabalhar juntos. Nenhum de nós sabíamos o que tínhamos que fazer, mas por meio de muitas conversas nós pudemos progredir juntos na mesma direção. Estamos todos alinhados, então se erramos, erramos juntos, mas se tivermos sucesso, todos também terão”.
Legislação europeia
O CEO da Cecafé, Marcos Matos, falou sobre os desafios da nova legislação europeia. Segundo ele, as leis conflitam com o código florestal brasileiro, que é um dos mais rigorosos do mundo atualmente, em regras ambientais. Ao mesmo tempo, a Europa representa 48% de todas as vendas externas do país.
“57 mil contêineres são enviados para lá todos os anos. Então é um mercado muito importante, é um mercado de qualidade, de sustentabilidade. Nós estamos utilizando todo esse debate com as organizações europeias e internacionais de café para promover o produto brasileiro, independente das novas regras que estão em jogo”, afirmou Matos.
A promoção do café brasileiro também foi pauta de uma palestra com o publicitário Hugo Rodrigues, presidente da WMccann WorldGroup. O palestrante destacou a força do café brasileiro e trouxe a necessidade de reforçar a marca do produto nacional fora do país. Rodrigues apresentou estratégias de marketing que podem ser utilizadas para potencializar a imagem do produto internacionalmente.
“A gente, como consumidor, não tem noção do que significa o café brasileiro pro restante do mundo. Nós somos uma potência nessa área. Nós temos que fazer com que o resto do mundo se apaixone por esse produto onde nós somos campeões”.
O seminário foi encerrado com um show da cantora Elba Ramalho.