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quarta, 03 de julho de 2024
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João Eduardo de Villemor Amaral Ayres e Rebecca Alonso Nascimento

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O papel da indústria marítima na Economia Azul

No nosso último artigo, tratamos conceitualmente do importantíssimo tema da Economia Azul. Ainda de limitado conhecimento por parte da população em geral, o assunto não só é um dos mais relevantes quando tratamos de sustentabilidade e preservação do meio ambiente – e da vida, em todas as suas nuances – como é um dos mais urgentes quando falamos em tempo de ação.  

Alterações climáticas drásticas, poluição do oceano, desastres naturais, extinção de espécies, efeitos nocivos à saúde humana. Esses são apenas alguns dos inúmeros exemplos de consequências decorrentes de práticas econômicas, políticas e sociais degradantes, e que temos adotado ao longo de tantos anos. 

A Economia Azul integra o arcabouço de medidas para um presente mais alerta e um futuro efetivamente sustentável. Esse tema é uma realidade, e não há outra forma de colocá-lo em pauta senão divulgado informações, promovendo educação e aplicando cada vez mais os seus conceitos, ferramentas e oportunidades. 

Acerca das variadas frentes e dos vetores que impulsionam a Economia Azul, Alvaro Sardinha, consultor especialista em economia azul e desenvolvimento sustentável, escreveu, no início deste ano, interessante e bastante educativo artigo sobre o tema, trazendo – dentre outras elucidações – os quatro setores prioritários para o alcance de uma Economia Azul sustentável. 

Em conjunto com conhecimento, bioeconomia e biotecnologia azul e, ainda, com a energia renovável marítima, o autor destaca a relevância do setor da indústria marítima para o tema, enfatizando como esta indústria funciona como pilar e suporte para os demais setores atuantes na Economia Azul. Isto porque, em adição a outros significativos fatores, como o fato de ser peça central na concretização de diversas atividades econômicas, cerca de 90% do comércio global é transportado por navios. 

Não há, pois, como tratar de sustentabilidade sem falar em Economia Azul e sem considerar o protagonismo da indústria marítima. 

Nesse sentido, dado de extrema relevância trazido no referido artigo diz respeito à atualização, pelo Reino Unido, da sua estratégia para a indústria marítima, estratégia esta que prevê, em até três anos, investimentos na monta de mais de quatro milhões de euros no ramo, abarcando diversas frentes como tecnologia verde, tecnologia para navios de pesquisa, construção e utilização de embarcações elétricas, geração e captação de energia eólica marítima, dentre outras tecnologias e iniciativas. 

Podemos observar, com isso, uma crescente no aporte de recursos para o desenvolvimento de novas tecnologias para esta indústria, relacionadas à descarbonização, modernização e automação de portos, estudos acerca de combustíveis alternativos advindos do oceano, montagem e fabricação de equipamentos de energia offshore, entre outros. 

Além disso, estudos da OCDE apontam a previsão de crescimento anual, até o ano de 2030, em 3,5% das indústrias cujas atividades são pautadas no oceano, além do aumento da demanda pelo comércio marítimo, que, segundo citada Organização, triplicará entre os anos de 2015 e 2050. 

É seguro afirmar, portanto, que o foco para investimentos no setor da indústria marítima voltada para a Economia Azul tende a crescer gradativamente. Mais uma vez, são inúmeras as oportunidades trazidas pelas medidas sustentáveis, em especial quando falamos em capacidade de geração de renda e de emprego, e, é claro, preservação do meio ambiente e busca de uma sociedade mais consciente e equânime. 

Não obstante, não podemos nos esquecer que há um passo anterior a ser dado. Sabemos que os sustentáculos para que a indústria marítima acompanhe a sustentabilidade – e seja verdadeiro instrumento de mudança – são, antes de tudo, a educação e a ciência. É preciso que esses dois pilares estejam sempre alinhados, e que tenham a sua indispensabilidade reconhecida, pois será por meio delas que teremos avanço nas pesquisas, na produtividade de medidas e ferramentas sustentáveis dentro do setor, e, acima de tudo, no desenvolvimento de tecnologias inovadoras e disruptivas.05

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TAGS bioeconomia economia azul Indústria marítima navios Oceano

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