Sul e Sudeste concentram quase 80% da carga de contêineres no Brasil (Foto: Divulgação/Portonave)
Região Sul
Live discute demandas e desafios do setor de contêineres
Especialista em logística e comércio exterior classificou a retomada das operações de Itajaí como necessárias
O Conselho do Santa Catarina Export, um dos braços regionais do Grupo Brasil Export, se reuniu na quinta-feira, dia 4, para um debate sobre a movimentação e demanda no setor de contêineres na região. A reunião contou com a apresentação “Apagão Portuário? De como estamos próximos a uma situação crítica e o que fazer para evitá-lo”, feita por Robert Grantham. Sócio da empresa de consultoria especializada em logística e comércio exterior Solve, ele passou um panorama do segmento no Sul e no país.
Na apresentação, feita a conselheiros do Brasil Export, e que foi retransmitida pela TV BE News, Grantham chamou atenção para o aumento de calado nos portos e colocou a retomada das operações de contêineres no Porto de Itajaí (SC) como uma necessidade.
A partir de dados fornecidos pela Solve, as regiões Sul e Sudeste representam quase 80% da movimentação de contêineres no Brasil. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda o número de 65% como taxa máxima de ocupação.
“Não adianta nada falar que o Nordeste tem espaço, tem condições, tem berços. O fato é que a carga se encontra no Sul e no Sudeste”, disse Grantham.
Por conta da alta demanda de contêineres e dos problemas encontrados em alguns terminais — como, por exemplo, a Portonave, que passa por obras de ampliação, e a Brasil Terminal Portuário (BTP), que faz reparos no berço 1 —, há, segundo o especialista, uma fuga de cargas, superlotando assim outros terminais que movimentam contêineres, gerando atrasos.
Grantham classificou a retomada das operações em Itajaí como primordial e uma das soluções de curto e médio prazo.
“É muito bom saber que em algum momento, Itajaí vai finalmente conseguir voltar a operar. Hoje, Itajaí é absolutamente necessário, para tirar o stress dos demais terminais e atender o aumento de demanda de carga. Não há como não considerar Itajaí, ele é muito necessário neste momento”, declarou.
Um dos problemas citados dentro do segmento de contêineres diz respeito à infraestrutura de acessos. Grande parte da movimentação de contêineres se dá pelo modal rodoviário, e os portos apresentam problemas na chegada e saída de carga.
Entre os problemas citados por Grantham estão a BR-277, única via de acesso ao litoral do Paraná e ao Porto de Paranaguá, e também o Sistema Anchieta-Imigrantes, que liga a região da Grande São Paulo ao Porto de Santos, o maior complexo marítimo do país.
Calado
Os portos de Santos, Paranaguá e Rio Grande (RS) já começaram, em 2024, a receber os navios de 366 metros. Entretanto, um dos principais obstáculos para essa operação no Brasil tem a ver com o calado, pois essas embarcações precisam de uma boa profundidade para fazer uma operação segura e transportar mais cargas.
Conforme a apresentação, dos portos brasileiros, apenas Suape (PE) e Salvador (BA) se aproximam da marca de 16 metros, exigida para esses tipos de embarcações.
“Estes novos navios, para andarem lotados, precisam de calado. Eles não conseguem carregar na sua totalidade. Nenhum porto brasileiro tem calado de 16 metros. Suape e Salvador têm um bom calado, mas lembrem que 80% da carga está no Sul e no Sudeste. Não atendem a demanda”, disse.