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Durante a visita da comitiva brasileira foram assinados 19 acordos comerciais abrangendo setores como turismo, ciência e tecnologia, agropecuária, direitos humanos, entre outros. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Nacional

Brasil e Chile demonstram empenho em concluir a Rota Bioceânica

6 de agosto de 2024 às 8:01
Yousefe Sipp Enviar e-mail para o Autor

No primeiro dia de visita da comitiva brasileira ao país sul-americano, Lula e Gabriel Boric destacam a importância do corredor logístico

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o mandatário chileno Gabriel Boric destacaram a importância da Rota Bioceânica na segunda-feira (5), primeiro dia da visita da comitiva brasileira ao país sul-americano. O corredor logístico, que já está em construção, tem como objetivo ligar portos nos oceanos Atlântico e Pacífico.

“Meu governo está empenhado em conectar toda a América do Sul por meio de cinco grandes rotas viárias, duas das quais incluem o Chile. O Brasil pode ser a porta de entrada chilena para o continente africano, enquanto o Chile pode ser a ponte brasileira para a Ásia”, destacou Lula.

“Concretizar a circunstância das integrações reais, com o corredor bioceânico que vai do Mato Grosso do Sul até os portos de Mejillones e Tocopilla, significará uma mudança significativa no comércio do Brasil com a Ásia. A China é um dos principais parceiros comerciais de ambos os países, e nos propusemos a inaugurar esse corredor em nosso mandato”, afirmou o presidente chileno Gabriel Boric.

O corredor bioceânico, iniciado em 2015, é uma iniciativa de infraestrutura conjunta entre Argentina, Brasil, Paraguai e Chile. O projeto visa conectar quatro portos chilenos no Pacífico — Antofagasta, Mejillones, Tocopilla e Iquique — ao Porto de Santos (SP), no Brasil, por meio de uma rodovia de aproximadamente 2.200 quilômetros.

O investimento total estimado é de US$ 10 bilhões. A rodovia passará por Mato Grosso do Sul no Brasil, pelo Gran Chaco no Paraguai, pelas províncias argentinas de Salta e Jujuy e as regiões chilenas de Antofagasta e Tarapacá. Cada país é responsável por diferentes trechos, mas o prazo final de conclusão ainda não está definido.

Acordos

A segunda-feira também ficou marcada pela assinatura de 19 acordos bilaterais entre Brasil e Chile. De acordo com a secretária de Assuntos da América e Latina e Caribe do Palácio do Itamaraty, Gisela Padovan, os dois países têm mais de 90 acordos bilaterais em vigor e relações diplomáticas e econômicas equilibradas, mas é preciso “diversificar” os acordos.

“A integração sul-americana é uma realidade que faz a diferença na vida das pessoas, como demonstra o acordo de isenção de cobrança de roaming que firmamos no ano passado e o acordo de reconhecimento recíproco de carteiras de habilitação que assinamos hoje”, afirmou Lula.

Os atos bilaterais assinados abrangem setores como turismo, ciência e tecnologia, agropecuária, direitos humanos e defesa. O Chile também apresentou interesse em conversar com o Brasil sobre tragédias climáticas.

“Os desafios representados pelas catástrofes naturais e pelo crime organizado atravessam países. Os incêndios de 2023 no Chile e as enchentes deste ano no Sul do Brasil põem em xeque o negacionismo climático e reforçam a necessidade de cooperação. A proposta chilena de estabelecer um mecanismo regional de resposta a desastres conta com nosso respaldo e nosso apoio”, completou Lula.

Segurança pública e cibersegurança também foram assuntos tratados pelos dois presidentes sul americanos.

Comércio

O intercâmbio comercial entre Brasil e Chile atinge cerca de US$ 12 bilhões por ano, segundo o Palácio do Itamaraty. O Chile exporta para o Brasil principalmente cobre, pescados e minérios. Já o Chile é o sexto principal destino de exportações do Brasil com o petróleo, a carne bovina e automóveis.

A expectativa do Brasil é ampliar a exportação de automóveis com a venda de ônibus para a cidade de Santiago, por exemplo. Uma aproximação naval também está sendo cogitada para ampliar o mercado aéreo entre os dois países.

O Brasil é o maior investidor da América do Sul no Chile, com mais de US$ 4,5 bilhões em setores como energia, serviços financeiros, alimentos, mineração, construção e fármacos. O Brasil também é o principal destino dos investimentos chilenos no exterior, com quase 30% do estoque total. As empresas chilenas atuam no Brasil em áreas como celulose, varejo e energia, sendo a companhia aérea Latam a maior empresa chilena em operação no Brasil.

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