O ministro Alexandre Silveira falou sobre os planos para a usina nuclear de Angra 3 durante audiência promovida pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Nacional
Governo reafirma compromisso com a conclusão da usina nuclear de Angra 3
Em audiência de comissão da Câmara, ministro de Minas e Energia disse que os recursos para a obra deverão vir do PAC
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o Governo Federal está decidido a prosseguir com a construção da usina nuclear de Angra 3, localizada no município de Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro. Conforme relatou durante audiência na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados na terça-feira (13), a ideia é que os recursos para a obra sejam viabilizados pelo Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o empreendimento entre em operação em 2028.
Com um investimento acumulado próximo a R$ 8 bilhões e a previsão de mais R$ 20 bilhões para a conclusão, a usina faz parte do Complexo Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que já conta com duas unidades operacionais em Angra dos Reis. De acordo com a Eletronuclear, responsável pela administração do complexo, Angra 3 terá uma capacidade de geração de 1.405 megawatts, o suficiente para abastecer aproximadamente 4,5 milhões de pessoas.
Silveira destacou que, apesar dos desafios financeiros e das interrupções na obra desde seu início, em 1981, o Ministério pretende manter seu compromisso com o projeto.
O chefe da pasta de Energia reafirmou sua posição de que a discussão sobre o custo-benefício da usina não deve ser um impeditivo para a continuidade do projeto. “Não tem que se discutir o custo-benefício de fazer ou não a Angra 3. Já foi uma decisão tomada anteriormente. Devemos tratar essa obra como um projeto de Estado e não de Governo”, declarou.
O ministro também revelou que a defesa da continuidade da obra será uma prioridade na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que decidirá sobre os rumos futuros da construção. “Nossa posição será uma defesa intransigente da continuidade da obra. Precisamos absorver os custos da paralisação e garantir a conclusão”, disse Silveira.
A construção de Angra 3 foi interrompida em diversas ocasiões devido a questões financeiras, com paradas em 1984 e 2015. Em abril, o governo solicitou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estudos para a estruturação de um modelo de financiamento e reestruturação das dívidas associadas à obra.
A Eletronuclear, que também enfrenta desafios financeiros, poderá ser reestruturada no contexto das negociações entre o governo e a Eletrobras. Privatizada em 2021, a Eletrobras sinalizou falta de interesse em continuar o projeto, o que adiciona complexidade ao processo de conclusão da usina.
Concessões
Além do foco em Angra 3, Silveira destacou outras iniciativas do Ministério de Minas e Energia, incluindo um recente decreto que endurece as regras de concessões para distribuidoras de energia.
A iniciativa busca melhorar a qualidade e a eficiência dos serviços prestados, estabelecendo metas obrigatórias para a recuperação de serviços em situações de eventos climáticos extremos.
A iniciativa para o debate partiu do deputado Max Lemos (PDT-RJ).