Os resultados da pesquisa elaborada da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) foi apresentado pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Nacional
Gargalos no transporte rodoviário ameaçam eficiência logística, diz pesquisa
Estudo da CNTA alerta para a capacidade do setor de manter a competitividade e a regularidade no transporte de cargas
O transporte rodoviário, que movimenta 80% das cargas no Brasil, enfrenta desafios que colocam em risco sua eficiência e sustentabilidade a longo prazo. Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) alerta para a capacidade do setor rodoviário de manter a competitividade e a regularidade no transporte de cargas, fundamentais para abastecer portos e aeroportos, além de sustentar as exportações brasileiras. O envelhecimento da frota e da força de trabalho, associado ao alto índice de desistência na profissão, são fatores que podem comprometer a logística nacional.
Apresentado pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados na última terça-feira (13), o estudo também traçou um perfil da categoria, mostrando que 99% dos caminhoneiros são homens, com idade média de 46 anos, que trabalham 12 horas por dia em condições precárias, como a falta de segurança e a ausência de pontos de descanso adequados.
“O Brasil vem batendo recordes consecutivos na produção agrícola, mas a expansão dos profissionais da categoria de transporte não acompanha esse crescimento”, alertou José Amaral Filho, superintendente de Serviços de Transporte Rodoviário e Multimodal de Cargas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), destacando a necessidade urgente de medidas que melhorem a eficiência do modal rodoviário.
Leonardo Rodrigues, coordenador-geral de Operação Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), destacou que, embora existam 94 pontos de parada credenciados pelo órgão, esse número é insuficiente para atender à crescente demanda, especialmente em rotas estratégicas para o comércio exterior..
Diumar Bueno, presidente da CNTA, enfatizou que as condições precárias de trabalho dos caminhoneiros autônomos, agravadas pela exploração por intermediários, afetam diretamente a qualidade e a eficiência do transporte de cargas.
Com cerca de 1,9 milhão de trabalhadores atuando no transporte de cargas no Brasil, a profissão depende de ações imediatas. “Quase metade dos caminhoneiros acredita que nunca há, por parte do governo federal, ações de fato para incentivar a categoria a permanecer na estrada”, afirmou Alan Medeiros, assessor da CNTA.
O deputado Zé Trovão (PL-SC), autor do requerimento que originou o debate, ressaltou a necessidade de as empresas estimularem a renovação da frota e de o Governo implementar políticas que melhorem as condições de trabalho dos caminhoneiros, visando evitar uma crise no setor que poderia impactar significativamente a economia.
“O próprio caminhoneiro que está lá no asfalto só pensa em cumprir horário, encontrar um lugar bom para dormir e um lugar barato para abastecer. Nós somos responsáveis por dar a ele aquilo que ele não consegue enxergar diante de seus olhos”, concluiu.