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A Wärtsilä tem sede na Finlândia, já produz motores para navios que podem operar tanto com diesel quanto com metanol e afirma que pode adaptar os motores para etanol. Foto: Divulgação

Internacional

Finlandesa anuncia projeto dos primeiros navios movidos a etanol do mundo

21 de agosto de 2024 às 17:52
Júnior Batista Enviar e-mail para o Autor

Objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa na indústria marítima

A Compagnie Maritime Monégasque (CMM) e a Wärtsilä anunciaram um memorando de entendimento (MoU) para desenvolver os primeiros navios de apoio movidos a etanol do mundo. O objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa na indústria marítima.

A Wärtsilä, fornecedora de equipamentos navais para construtores, armadores e operadores de embarcações e instalações offshore, tem sede na Finlândia. Ela já produz motores para navios que podem operar tanto com diesel quanto com metanol e afirma que pode adaptar os motores para etanol.

O etanol é um biocombustível estratégico para reduzir as emissões de poluentes. De acordo com estudos preliminares da Raízen, a substituição de combustíveis fósseis por etanol produzido de forma sustentável no transporte marítimo pode reduzir as emissões de CO2 em até 80% numa rota padrão do Brasil para a Europa.

As empresas planejam desenvolver um design colaborativo para esses navios, utilizando a plataforma de motores multifuel da Wartsila.

Em fevereiro deste ano, a companhia finlandesa realizou testes com etanol em escala real, confirmando a viabilidade operacional com uma variedade de combustíveis, incluindo diesel, biodiesel, óleo combustível pesado (HFO), metanol e etanol.

No Brasil, a CMM já recebeu aprovação financeira preliminar do Fundo da Marinha Mercante Brasileira (FMM) para a construção de 10 navios de apoio offshore (OSVs), reforçando a aposta do país em biocombustíveis marítimos.

A próxima reunião da Organização Marítima Internacional (IMO), marcada para 30 de setembro de 2024, terá o Brasil como defensor dos biocombustíveis, argumentando que as características regionais brasileiras devem ser consideradas nos cálculos de intensidade de carbono, destacando a sustentabilidade do uso da terra no país. Essa reunião poderá ser crucial para a definição de novas regulamentações globais e para o avanço na transição para combustíveis mais limpos no setor marítimo.

Poluição

O frete marítimo é campeão em emissões de gás carbônico (CO₂), óxidos de enxofre (SOx), óxidos nítricos (NOx) e outros poluentes, por isso a preocupação em descarbonizar o setor. Suas emissões não param de crescer, em trajetória incompatível com o Acordo de Paris. O transporte marítimo representa 3% das emissões mundiais e, sem mudanças significativas, atingirá 17% em 2050, segundo a Sociedade Nacional de Agricultura.

O total de gás carbono (CO₂) emitido pelo setor marítimo foi de 600 mil a 1,1 milhão de toneladas por ano na última década, segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O dióxido de enxofre emitido é corrosivo e na atmosfera dá origem ao ácido sulfúrico, causador da chuva ácida.

A emissão de enxofre é de 3 mil a 3,5 mil ppm em navios movidos a bunker. Para se ter uma ideia, pelas normas brasileiras e com a mistura de etanol, um carro emite menos de 40 ppm – na Europa, menos de 15 ppm – mas um grande navio de transporte emite o equivalente a 50 milhões de carros. Só a emissão de enxofre dos 20 maiores navios de transporte é superior à de todos os veículos do planeta. E são cerca de 100 mil navios atualmente.

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