“Estamos falando de uma geração que quer saber como o produto chegou até eles, se foi testado em animais e qual o impacto ambiental da sua produção e distribuição. Em 10 anos, esta será nossa grande base de consumidores”. Marcella Cunha, diretora-executiva da Abol
Sustenta Export
Descarbonização na logística envolve equilibrar tripé da sustentabilidade empresarial
Diretora-executiva da Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (Abol) defende equilíbrio entre pessoas, o planeta e o lucro
A diretora-executiva da Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (Abol), Marcella Cunha, defendeu a importância de equilibrar o tripé da sustentabilidade empresarial: pessoas, planeta e lucro, a fim de obter um desenvolvimento sustentável no setor de infraestrutura e logística no país.
Ela discorreu sobre o assunto durante o painel “Descarbonização como fator imperativo de desenvolvimento e transformação dos serviços prestados pelos operadores logísticos”, dentro no fórum Sustenta Export, realizado na quarta-feira, 28, em Fernando de Noronha. Especialistas do setor de logística discutiram os desafios e oportunidades da descarbonização como parte de uma estratégia ampla de sustentabilidade.
Marcella ressaltou que o consumidor final, especialmente da Geração Z (nascida entre 1996 e 2010), está cada vez mais atento à cadeia de produção dos produtos que consome. “Estamos falando de uma geração que quer saber como o produto chegou até eles, se foi testado em animais e qual o impacto ambiental da sua produção e distribuição. Em 10 anos, esta será nossa grande base de consumidores”, explicou Marcella.
Esse novo perfil de consumidor está impulsionando as empresas a adotarem práticas mais sustentáveis e transparentes. No entanto, Marcella alertou que o conceito de ESG (ambiental, social e de governança) foi “desromantizado” pela realidade financeira enfrentada pelos operadores logísticos.
Ela explicou que a maioria dos custos de descarbonização está sendo arcado por essas empresas, que enfrentam dificuldades para repassar esses custos aos embarcadores e clientes. “Apenas 3% dos operadores logísticos estão conseguindo repassar esses custos aos clientes”, afirmou, destacando a pressão financeira que o setor enfrenta para se adaptar às novas exigências ambientais”.
O painel contou ainda com a participação de Gilberto Lima Jr., CEO da ID Logistics; Fernando Correa, diretor-geral da Andreani Logística; e Rodrigo Casado, CEO da Movecta. Os executivos discutiram estratégias para implementar a descarbonização nos serviços logísticos e compartilharam experiências sobre como suas empresas estão enfrentando o desafio de reduzir as emissões de carbono enquanto mantêm a eficiência operacional e a competitividade no mercado.
“Quando uma empresa coloca sustentabilidade em pauta, a primeira letra do ESG é o G, porque a gestão precisa estar alinhada às práticas mais sustentáveis”, disse Rodrigo Casado.
Gilberto Lima Jr defendeu mais ações práticas e menos discurso no setor. “Quando se fala em sustentabilidade, a gente precisa ter ação. A relação deve ser 20% de inspiração e 80% de transpiração”, afirmou.
Fernando Correa também defendeu o tema e afirmou que o setor privado precisa se movimentar, mencionando seu exemplo pessoal. “Nós temos desde o reuso de água, até a descarbonização. São reuniões quinzenais para definir sempre os melhores e mais novos parâmetros. E junto à sustentabilidade vem a educação”, disse.
A primeira edição do Sustenta Export é uma edição do Brasil Export, principal fórum de debates sobre o desenvolvimento dos setores de portos, logística, transportes e infraestrutura do país. Com o tema “Um olhar apurado para o futuro do Brasil e do planeta”, o evento visa propor um debate sobre soluções sustentáveis e inclusivas para o futuro. Sua programação foi transmitida pela TV BE News no canal 82 da Sky; canal 58 da parabólica; e em sinal aberto para a Grande Campinas no canal 19. Está disponível no canal @tv_benews no Youtube; e no site www.tvbenews.com.br.