Representantes do Grupo Brasil Export, do Ministério de Portos e Aeroportos e da comunidade portuária estiveram reunidos em Brasília para definir os primeiros passos (Foto: Yousefe Sipp)
Nacional
Porto de Santos se torna laboratório de inovações com PCS e sandbox
Soluções tecnológicas são fruto de acordo entre o Grupo Brasil Export e o MPor, que deram início aos estudos em Brasília
O Grupo Brasil Export e a comunidade portuária, em parceria com o Ministério de Portos e Aeroportos, deram início na terça-feira (10), em Brasília (DF), aos estudos que visam implementar soluções inovadoras para o setor de infraestrutura. A partir de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado anteriormente, os projetos serão desenvolvidos inicialmente no Porto de Santos (SP), o maior do país.
O ACT prevê, em 24 meses, a criação de um Port Community System (PCS). O PCS é uma plataforma eletrônica que facilita a troca de informações entre diferentes sistemas e organizações de uma comunidade portuária. Ele integra dados de diversas empresas, órgãos públicos e prestadores de serviços, otimizando processos e aumentando a eficiência logística, sem substituir os sistemas individuais. A adesão é voluntária, e sua governança é coletiva, geralmente coordenada por uma entidade neutra, como uma autoridade portuária.
“A questão do PCS no Porto de Santos é algo que vem se arrastando há muitos anos, e acredito que, neste momento, alcançamos um nível de maturidade para avançar com isso. Acredito que será um sucesso em curto prazo. Vamos colocar em prática o quanto antes”, afirmou o CEO do Grupo Brasil Export, Fabricio Julião.
“A proposta foi apresentada e prontamente aceita pelo Ministério de Portos e Aeroportos. Agora, é trabalhar, investir no que for necessário e iniciar conversas com as empresas de tecnologia, que são a peça fundamental”, completou.
“O Porto de Santos está sendo visto por nós como um grande laboratório a céu aberto, já que é o maior porto da América Latina. Ali, temos um ambiente muito importante para a inovação, que inclui tanto a identificação de problemas quanto a busca por possíveis alternativas de solução. O Porto de Santos oferece tudo isso”, esclareceu Tetsu Koike, diretor de Programa de Políticas Setoriais do Ministério de Portos e Aeroportos.
“Vamos começar lá, modelando e desenvolvendo o sistema comunitário portuário, conversando e dialogando com todos os envolvidos, tanto públicos quanto privados, para conseguir a adesão a esse projeto. É um grande desafio, mas é necessário começar”, finalizou Koike.
A adoção dessa iniciativa no Porto de Santos irá envolver setores públicos e privados, com o intuito de reduzir o tempo e o custo das operações de importação e exportação. A iniciativa visa consolidar um ambiente de cooperação e governança, além de estabelecer um espaço dedicado a estudos e formulação de propostas voltadas à inovação no setor.
Sandbox
Outro ponto de destaque é o lançamento de um sandbox, que funcionará como uma prova prática de que a inovação é viável e agrega valor ao setor público. O conceito de sandbox permite que empresas e startups testem novas tecnologias em um ambiente regulatório controlado e flexível, com regras temporariamente ajustadas, facilitando a inovação e permitindo que os reguladores avaliem e ajustem suas políticas com base em testes práticos.
A secretária-executiva do Ministério de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori, afirmou que o acordo vem sendo trabalhado desde o início do ano. “Não se trata apenas de comunicar. Vimos a oportunidade de utilizar as empresas associadas ao Brasil Export para desenvolver temas de interesse comum e fortalecer o setor com o apoio do setor privado”, detalhou.
Karina Martins, diretora executiva no HUB Brasil Export, mencionou que o principal desafio é a mudança de pensamento corporativo, especialmente para as empresas que ainda não enxergam a inovação e a tecnologia como investimentos essenciais.
“Nosso objetivo é conectar todo o ecossistema, incluindo tanto as empresas tradicionais do mercado de portos e logística quanto startups que já atuam com inovação e tecnologia. Queremos fazer essa conexão, trazendo também universidades e o Governo. A ideia é integrar todos os principais atores desse ecossistema para que possamos alavancar o setor”, disse Karina.