O navio é operado pela francesa TOWT (TransOceanic Wind Transport), startup que trabalha em projetos para descarbonizar a indústria de transporte marítimo, usando o vento como "um meio de transporte mais coerente". Foto: Divulgação
Inovação
Primeiro navio de carga movido a velas conclui viagem
Cargueiro viajou levando champanhe, vinho e conhaque da França para a NY
O Anemos, maior navio cargueiro a vela do mundo, concluiu a sua primeira viagem transatlântica neste mês, ao sair do Porto de Le Havre, na França, em agosto e, após 18 dias, chegar ao Porto de Newark (3), nos Estados Unidos, carregando 1.000 toneladas de champanhe, vinho e conhaque.
O navio é operado pela francesa TOWT (TransOceanic Wind Transport), startup que trabalha em projetos para descarbonizar a indústria de transporte marítimo, usando o vento como “um meio de transporte mais coerente”.
A travessia foi considerada um marco histórico para os diretores da companhia, já que foi a primeira vez em quase 100 anos que um cargueiro viaja usando a força do vento.
O Anemos é o primeiro da frota da startup e se diferencia dos navios à vela tradicionais por usar uma tecnologia avançada que maximiza o uso do vento como fonte de energia. Os mastros são feitos de fibra de carbono, que são mais leves e resistentes do que os de madeira, e permitem o uso de velas maiores, que somam cerca de 3.000 metros quadrados de área total. Os mastros mais altos também captam mais vento, o que aumenta a eficiência.
O manuseio das velas é automatizado e utiliza um sistema mecanizado controlado remotamente, dispensando a necessidade de marinheiros para o ajuste das velas. A tripulação é composta por sete pessoas, o que também reduz custos.
No início da viagem, o navio enfrentou dificuldades climáticas e precisou usar os motores elétricos movidos a diesel, mas nos últimos 10 dias conseguiu navegar apenas utilizando a força do vento. A meta da empresa é conseguir viajar com 95% do tempo somente por propulsão eólica.
A TOWT reconhece que o custo do transporte feito por este tipo de embarcação ainda é um pouco superior aos navios movidos a combustível fóssil, mas garantiu que, em busca da sustentabilidade das operações, os clientes estão dispostos a pagar a diferença.
A capacidade de carga também é menor do que a dos cargueiros tradicionais, que transportam até 20 mil contêineres, ante as 1000 toneladas em palletes do Anemos, mas a empresa argumenta que o tempo total de entrega pode ser competitivo, pois seu sistema permite uma movimentação mais rápida nos portos, evitando longos períodos de espera para serem descarregados, como o que ocorre nos navios comuns.