Segundo Osmari de Castilho Ribas, o terminal, que tem cerca de 250 mil m² de área, ainda está longe de atingir a sua capacidade total (crédito: Divulgação/Portonave)
Região Sul
“A atividade econômica ligada ao porto traz benefício direto”
Em entrevista exclusiva ao BE News, o diretor-superintendente administrativo da Portonave, Osmari de Castilho Ribas, aponta os ganhos que o terminal gerou para Navegantes (SC)
Navegantes, em Santa Catarina, celebrou 60 anos de emancipação político-administrativa na última sexta-feira. É apontada como uma das cidades que mais crescem no Estado e grande parte do seu desenvolvimento é atribuída à atividade portuária. Navegantes abriga o segundo maior terminal em movimentação de contêineres do País, administrado pela Portonave SA.
Em entrevista exclusiva ao jornal BE News, o diretor-superintendente administrativo da Portonave SA – Terminais Portuários de Navegantes, Osmari de Castilho Ribas, falou sobre os ganhos socioeconômicos que o terminal gerou para o município. Instalado dentro do Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes, Portonave é o primeiro terminal privado de contêineres do Brasil.
O terminal iniciou as operações em 21 de outubro de 2007 e, desde então, movimentou mais de 10 milhões de TEU (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés), recebendo mais de 7,8 mil escalas de navios. Portonave registrou 50% de market share até junho deste ano e recebe, em média, 1,6 mil caminhões por dia. Somente em 2021, foram 519 mil acessos de caminhões. Os cinco principais destinos de exportação são Estados Unidos (EUA), China, México, Japão e África do Sul. Já as cinco principais origens de importação são China, EUA, Bélgica, Alemanha e Colômbia.
Segundo Castilho, a aproximação com a comunidade sempre foi prioridade para o porto. Por isso, desde o início da sua construção, em 2005, “são realizadas continuamente ações que visam fortalecer o relacionamento entre empresa, sociedade e organizações”. No início da operação portuária em Navegantes, em 2007, a população era de aproximadamente 33 mil habitantes. Com o fomento socioeconômico da região, da indústria e do comércio, o crescimento populacional passou para 85,7 mil, de acordo com dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Atualmente, a Portonave tem 1.055 profissionais contratados diretos, sendo que 68% residem em Navegantes. A empresa prioriza o aproveitamento de mão de obra local?
Nós fazemos o suprimento da qualificação técnica dos profissionais e, por outro lado, promovemos o processo de inclusão. Fizemos um processo de seleção aberto a profissionais de Navegantes e região e também criamos o Programa Jovem Aprendiz, aberto às escolas públicas da cidade. Naturalmente, essa mão de obra foi se estabelecendo porque abriu uma possibilidade de mercado na região. Hoje, nós temos 1.055 trabalhadores diretos, mais as atividades de apoio que elevam esse número para perto de 1.500 no terminal. Isso abriu boas perspectivas de trabalho para os moradores de Navegantes.
Como o senhor disse, a Portonave abriu um mercado de trabalho na cidade, no setor portuário, o que se reflete na economia local. O que o porto gerou para Navegantes?
Isso tem um impacto muito grande na cidade, tanto que novos negócios apareceram na região para atender essa demanda portuária e, também, para a atividade complementar.
A Portonave contribui com 40% do total arrecadado em Imposto sobre Serviços (ISS) pela Prefeitura de Navegantes, uma média de R$ 1,7 milhão por mês. Qual é o impacto disso?
Isso é um bom indicador. A Portonave é a maior arrecadadora de ISS para Navegantes, respondendo por 40% do total arrecadado. Essa injeção nos cofres da Prefeitura mostra que a atividade econômica ligada ao porto traz benefício direto. O orçamento deste ano do município deve passar de R$ 400 milhões. Então, isso mostra que os investimentos em infraestrutura potencializam as regiões, porque os portos atraem uma rede de apoio como transportadoras, agentes de carga, trabalhadores de manutenção, cria-se um círculo muito bom para a economia local. É importante dizer que Navegantes é um dos municípios que mais cresceram em Santa Catarina nos últimos anos.
Em 2007, quando a Portonave iniciou as suas operações, Navegantes tinha 33 mil habitantes. Atualmente, são 85,7 mil pessoas, de acordo com levantamento de 2021 do IBGE. Ou seja, a população da cidade mais que dobrou nos últimos 15 anos. Na sua avaliação, o porto contribuiu para esse crescimento?
O porto tem, sim, a sua contribuição, porque atraiu profissionais. É uma cidade boa de se morar e o negócio portuário alavancou outras oportunidades e, com isso, atraiu mais pessoas. A Portonave se tornou o segundo maior polo de movimentação de contêineres do País, atrás somente do Porto de Santos. Contêiner significa carga de valor agregado, então há uma série de outros serviços prestados que geram atividade econômica. Atividade econômica gera emprego e renda.
Como Portonave se tornou o segundo maior terminal privado em movimentação de contêineres do Brasil?
É o segundo maior terminal de contêineres privado do País, fora do porto organizado, começando com o chamado projeto greenfield, iniciando a sua atividade do zero, tendo que configurar estrutura, pessoal e plano de negócios. O complexo teve uma evolução muito positiva. No ano passado, movimentamos 1.150 milhão de TEU. Além disso, nós temos hoje a melhor produtividade do País entre todos os terminais que movimentam contêineres. No ano passado, nós também fomos reconhecidos pelo Ministério da Infraestrutura como o terminal privado de contêineres que mais cresceu em relação ao ano anterior. O crescimento foi bastante expressivo e é o terminal que mais movimentou contêiner no estado de Santa Catarina.
A Portonave tem planos de investimentos futuros?
O terminal ainda está longe de atingir a sua capacidade total. Nós temos em torno de 250 mil m² de área e ainda podemos ampliar uma área de pátio. Nós já temos R$ 2 bilhões de investimentos aplicados ao longo dos últimos 15 anos, mas o terminal recebe investimentos de forma permanente para se manter atualizado.