Durante o painel, especialistas destacaram a urgência de reduzir a burocracia para viabilizar projetos como o novo ramal ferroviário, que promete impulsionar a logística portuária (Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export)
Sudeste Export
Novo ramal ferroviário promete fortalecer logística no Porto de Santos
Projeto enfrentará desafios burocráticos, mas é visto por especialistas como essencial para aumentar eficiência no transporte de grãos e combustíveis
O ramal ferroviário de 2,7 km, que vai conectar o terminal da Ultracargo no Porto de Santos à malha ferroviária local, deve entrar em operação em 2027. A informação foi divulgada pelo presidente da empresa, Décio Amaral, durante o Fórum Sudeste Export, realizado no último dia 17, em São Paulo.
“Precisamos construir uma escola e um hospital antes de iniciarmos as obras, pois isso faz parte do contrato. Enquanto não entregarmos essas obras à Prefeitura, o terreno não será liberado”, explicou Amaral. A previsão é concluir esses empreendimentos até 2026 e iniciar a construção do ramal ferroviário, que deve ser entregue em 2027.
O projeto foi viabilizado em parceria com Granel e Vopak, que, junto com a Ultracargo, se comprometeram a investir R$ 85 milhões na construção de um hospital com UTI pediátrica, uma escola e uma quadra de esportes. As obras são uma contrapartida para obter a área da Via A, onde serão instaladas linhas férreas. O valor será dividido entre as empresas.
“Santos tem tudo para ser um potencial de movimentação, seja de etanol, matérias-primas para combustíveis renováveis ou o próprio Combustível Sustentável de Aviação (SAF). Mas para isso, a infraestrutura precisa vir antes”, afirmou Amaral.
“O potencial de ligação com Mato Grosso, ainda mais com a extensão da ferrovia da Rumo, vai desembocar tudo no porto. Além da possibilidade de agregação de valor à economia do estado e da cidade é enorme. Santos traz essa visão de que há espaço para todos, elevando a qualidade do setor”, completou.
O presidente da Ultracargo mencionou que terá uma reunião com Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos, para discutir a inclusão de um píer no acesso ao ramal, visando aprimorar ainda mais a eficiência logística.
A expectativa é que o ramal ferroviário receba etanol de milho e transporte derivados de petróleo pelo corredor Sudeste/Centro-Oeste, iniciando no Porto de Santos, passando por Paulínia (SP), onde a Ultracargo possui 50% do terminal da Opla, até Rondonópolis (MT).
Thiago Lemgruber, diretor-presidente da OSX Brasil, pontuou que a demora de dois anos para viabilizar o projeto do ramal ferroviário e a burocracia exercida são exemplos dos gargalos que prejudicam o desenvolvimento dos empreendimentos em infraestrutura.
Lemgruber comparou a situação à do agronegócio, observando que “da porteira para dentro a gente resolve, mas da porteira para fora começa o problema”. Ele enfatizou que, apesar da disposição da iniciativa privada em apresentar soluções e do capital disponível, os entraves regulatórios ainda representam um obstáculo significativo no desenvolvimento de projetos no setor de infraestrutura.
“Se conseguirmos destravar esses entraves regulatórios, o setor privado poderá entrar e fornecer a infraestrutura que o Brasil precisa para crescer. Há um engarrafamento no país, e realmente precisamos resolver esses gargalos para que a indústria possa investir e continuar crescendo”, disse Lemgruber.
Dificuldades
Bruno Melo, gerente executivo comercial da Santos Brasil, destacou as dificuldades enfrentadas pelo mercado portuário brasileiro em relação à infraestrutura disponível. “Hoje, nós dependemos de eficiência para que esse produto chegue o mais barato possível ao consumidor final. Todos esses gargalos no fluxo logístico impactam diretamente o preço do combustível, tanto para o produtor rural quanto para o consumidor”, afirmou.
Melo enfatizou que, há anos, Santos enfrenta uma escassez de píeres, o que resulta em filas constantes e um descompasso significativo no fluxo de entrada de combustíveis. “Esse é um ponto muito importante que precisamos destravar. Vejo como alento o projeto da iniciativa privada em Santos em parceria com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviário), que é integrar o escoamento através da ferrovia. É muito interessante, e pode trazer eficiência tanto para a entrada quanto para a saída de granéis líquidos”, completou.
O Sudeste Export foi uma edição regional do Brasil Export, principal fórum para discussões sobre o desenvolvimento dos setores de portos, logística, transportes e infraestrutura no Brasil. A programação foi transmitida pela TV BE News, disponível nos canais 82 da Sky, 58 da parabólica e 19 para a Grande Campinas em sinal aberto. Adicionalmente, os conteúdos puderam ser acessados pelo canal @tv_benews no YouTube e pelo site www.tvbenews.com.br.