A partir do estudo, a produção estimada de biometano pode ser 16 vezes mais que a capacidade atual (Foto: Marcos Studart/Governo do Ceará)
Região Sudeste
Estudo aponta expansão da produção de biometano em São Paulo
A partir de incentivos e investimentos, setor pode gerar até 20 mil empregos no estado
O Governo de São Paulo anunciou nesta semana que, em um estudo inédito, foi detectado um grande potencial para a cadeia do biometano no estado. A partir da adoção de incentivos, investimentos e políticas de fomento, o setor promete gerar até 20 mil empregos diretos, indiretos e induzidos com o aumento da produção do combustível renovável.
O biometano se apresentou como um combustível com menor pegada de carbono, contribuindo para redução dos gases de efeito estufa.
Segundo o governo do estado, a pesquisa destaca que a capacidade instalada ou em instalação atualmente em São Paulo é de 0,4 milhão de m³ por dia. Com o desenvolvimento da cadeia de biometano, a oferta potencial é estimada em 6,4 milhões de m³ por dia – ou seja, 16 vezes da capacidade atual.
A maior parte desse gás (84%) pode vir do setor sucroenergético – ou seja, do aproveitamento da cana-de-açúcar. Outros 16% podem ser gerados nos aterros sanitários, a partir da decomposição da matéria orgânica.
A produção em potencial de 6,4 milhões de m³ por dia equivale a cerca de 40% do consumo total de gás natural em São Paulo e a 25% do consumo de óleo diesel no setor de transportes, incluindo os veículos pesados e de cargas.
O trabalho foi desenvolvido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pelo Governo de São Paulo, em iniciativa conjunta das secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil); Desenvolvimento Econômico, por meio da InvestSP; e Agricultura e Abastecimento.
“Temos um potencial enorme em relação ao biometano. Precisamos olhar essa potencialidade, as oportunidades, entender onde estão os gargalos, onde eventualmente precisamos melhorar nossa infraestrutura. Daí a importância desse estudo, para podermos dar o passo seguinte, avançando em políticas públicas robustas, na parte regulatória e no licenciamento ambiental, para que o investidor tenha segurança jurídica e previsibilidade para investir no estado de São Paulo”, comentou a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado, Natália Resende.
O projeto teve como objetivo principal identificar barreiras ao desenvolvimento da cadeia do biogás e biometano, além de apoiar a criação de políticas públicas que visam promover o crescimento do setor. O estudo aponta, entre os principais resultados, que a substituição do diesel por biometano pode contribuir com a redução de 5,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e) para as metas de descarbonização do estado de São Paulo até 2050, representando 3,7% da meta estabelecida.
O estudo aponta que São Paulo deve se posicionar como líder na transição energética, desenvolvendo um mercado de biometano estratégico para a descarbonização da indústria e do setor de transportes e o alcance das metas de redução de gases de efeito estufa.
O estudo também ressalta desafios significativos, como a competitividade, a infraestrutura dutoviária limitada e a necessidade de aprimoramento regulatório. As medidas de incentivo ligadas ao Capex (despesa de capital) das plantas são fundamentais para reduzir custos e aumentar a oferta de biometano.