O Plano Nacional de Logística prevê que, até 2035, a participação da ferrovia na matriz de transporte aumente 30%, tanto em quantidade quanto em valor das cargas transportadas. Para alcançar esse objetivo, além de novas infraestruturas ferroviárias, é necessário mudar a forma de utilização, com ampliação dos tipos de cargas transportadas, indica o TCU. Foto: Divulgação
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Ferrovias são pouco utilizadas para transporte de cargas domésticas
Auditoria do TCU analisou os motivos da baixa utilização do modal no mercado interno
O Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu, no fim do mês passado, que o transporte de cargas domésticas por ferrovias precisa de melhorias para ser ampliado.
O estudo mostrou que a malha ferroviária brasileira é de 30,5 mil quilômetros e representa 17% da matriz de transporte. Da extensão total das ferrovias, mais de um terço (36,3%) não tiveram tráfego durante o ano de 2022.
Em relação à malha ferroviária doméstica, 22,7% apresentou tráfego baixíssimo, apenas 7,5% de toda extensão apresentou intensidade de tráfego média, e 12,6% tiveram alta intensidade. Esses trechos são operados por 13 concessionárias. A principal conclusão do TCU é que faltam políticas específicas para ampliar o uso desse tipo de transporte e que é necessário estruturar melhor as ações e induzir a participação do setor privado.
O Plano Nacional de Logística (PNL) prevê que, até 2035, a participação da ferrovia na matriz de transporte aumente para pelo menos 30%, tanto em quantidade quanto em valor das cargas transportadas. Para alcançar esse objetivo, além de novas infraestruturas ferroviárias, é necessário mudar a forma de utilização, com ampliação dos tipos de cargas transportadas, indica o TCU.
De acordo com estudos do Banco Mundial, em 2022 as soluções de transporte, especialmente as ferrovias, foram projetadas para servir aos setores de exportação de commodities, como agricultura e mineração, em vez de focar no fornecimento de produtos para o mercado interno. O ideal seria incluir o transporte de carga geral, doméstica e de maior valor agregado.
Desvantagens
Em conversas com jornalistas, o ministro dos Transportes, Renan Filho, tem afirmado que a ampliação e modernização da malha ferroviária só virá com o aporte do governo ao setor privado nos projetos. Na visão dele, com a falta de capital, as ferrovias não estão conseguindo competir com o transporte rodoviário no transporte de cargas. “Para ter ferrovias adequadas é preciso ter velocidade alta, o que exige várias outras coisas como unificar bitola e ter declividade máxima de 0,5% – se for superior a isso não consegue engatar muitos trens”, disse o ministro em entrevista ao portal NeoFeed.
O ministro afirmou que as ferrovias atuais são ineficientes devido a baixa velocidade. Ele apontou que não é possível reconstruí-las porque são transportes que passam dentro das cidades. “Hoje, o trem de andar com carga pesada a 80 km\h, se não ele não concorre com o caminhão. Se o trem não andar 70, 80 km\h o transportador prefere botar a carga no caminhão. O trem é cintura dura: ele só pega aqui e entrega ali. E o caminhão pega em qualquer canto e entrega em qualquer lugar. Você imagina a dificuldade dessa competição?”, exemplificou o ministro ao NeoFeed.
Com os valores impeditivos para a construção de ferrovias, Renan pretende levantar recursos bilionários com a renegociação de concessões antecipadas fechadas pelo governo anterior. Existe a expectativa de que ainda em outubro, o Ministério dos Transportes lance um Plano Nacional de Ferrovias. O projeto inclui o resgate do transporte ferroviário de passageiros, entre outros.