Os debatedores defenderam no painel que haja uma participação do poder público na aquisição de investimentos para ampliar a participação e melhorias das ferrovias no país (Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export)
Brasil Export
Setor ferroviário busca expansão com novo plano e investimento público
Com meta de 35% da matriz de transporte, Governo e empresas discutem parceria para construir 6 mil km de ferrovias
Instituições ligadas ao transporte ferroviário, bem como companhias privadas do setor, mostraram otimismo com o Plano Nacional de Ferrovias, que deverá ser lançado ainda este ano pelo Ministério dos Transportes, cujo objetivo é somar investimentos públicos para aumentar a participação do modal na matriz de transporte de cargas do Brasil.
Durante um dos painéis técnicos do Brasil Export 2024, Fórum Nacional de Logística, Infraestrutura e Transportes, realizado na quinta-feira (10), em Brasília, os debatedores defenderam que haja uma participação do poder público na aquisição de investimentos para ampliar a participação e melhorias das ferrovias no país.
O diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Davi Barreto, apontou que a participação do modal na matriz de transporte varia de 20% a 25%. A meta do Governo Federal é que o número aumente para 35% em dez anos.
Barreto elogiou a iniciativa do Plano Nacional de Ferrovias e disse que a participação do poder público será fundamental para alavancar os investimentos no setor, que são prioritariamente oriundos da iniciativa privada.
“Historicamente esses recursos vêm sendo quase que exclusivamente de recursos privados nos últimos anos. E isso não é o suficiente. A gente vê com muito bons olhos uma nova visão do Governo, novo plano conduzido pela secretaria (nacional de transporte ferroviário), de trazer o poder público e estar mais presente para esses investimentos. Não dá mais 99% do investimento em ferrovias ser feito pelo setor privado”, comentou.
Na mesma linha, o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, disse que para alcançar o objetivo de 35% da matriz de transporte será necessário a construção de 6 mil quilômetros em novas estradas férreas. Para essa promessa ser concluída, o Governo Federal terá de ter participação nos investimentos.
“Para construir 6 mil quilômetros de ferrovias, acredito que o Governo vai ter que entrar nesse projeto, e não somente passar para o setor privado todo peso desse investimento. Se o país não investir em ferrovias em conjunto com o setor privado, não iremos alcançar esse objetivo”, afirmou.
O secretário pontuou que o plano será bem sucedido do ponto de vista financeiro a partir da repactuação de renovação de concessões.
“Acredito que essa repactuação será histórica. Privatizamos os contratos nos anos 1990. E 30 anos depois é hora de fazer esse encontro de contas e pensar nos próximos 30 anos. É uma oportunidade única de ter governo e setor privado dentro de um fundo com recursos, que vão ficar no setor e mostrar para os próximos 30 anos que teremos pelo menos os 6 mil quilômetros de novas ferrovias”, disse.
O que diz o setor privado
O CEO da VLI, Fábio Marchiori, elogiou a atuação do Governo em priorizar o modal ferroviário dentro da matriz do transporte de cargas.
“Parabenizamos o esforço do Governo Federal de dar ouvidos às empresas, entender que é um momento importante para reconfigurar a infraestrutura brasileira. O fato é que a ferrovia é mais capacitada para fazer transporte de longa jornada e, obviamente, toda a vinculação que as ferrovias e os portos podem ter melhorando a eficiência da logística”, enfatizou.
A VLI negocia a renovação por mais 30 anos da Ferrovia Centro-Atlântica.
“A renovação da FCA é o próximo grande movimento dentro desse grande plano. Oferecemos um plano de mais de R$ 24 bilhões de investimentos, além de contrapartidas na casa de R$ 5 bilhões. E o primeiro ponto, esse dinheiro é necessário na ferrovia”, explicou.
Outros debatedores do painel foram Guilherme Penin, vice-presidente de Regulação e Sustentabilidade da Rumo; Vitor Vinuesa, diretor da ADM para a América do Sul, e Rafael Vitale, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A moderação foi do diretor-geral da Rede BE News, Leopoldo Figueiredo. Também participaram os jornalistas Marília Sena, também da Rede BE News, e Eric Napoli, do Poder360.
O Brasil Export 2024 foi uma edição nacional do Brasil Export, principal fórum de debates sobre o desenvolvimento dos setores de portos, logística, transportes e infraestrutura do país. Sua programação foi transmitida pela TV BE News no canal 82 da Sky; canal 58 da parabólica; e em sinal aberto para a Grande Campinas no canal 19. Está disponível no canal @tv_benews no Youtube; e no site www.tvbenews.com.br.