Representantes do Ministério da Infraestrutura e da Quadra Capital assinaram o contrato no Cais Comercial de Vitória, na manhã de ontem (crédito: Ricardo Botelho/Minfra)
Portos
Fip Codesa se torna acionista majoritário da Docas do ES
Após formalização do controle acionário, próximo passo será a assinatura da concessão dos portos de Vitória e Barra do Riacho
O contrato de compra e venda da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) foi assinado, na manhã de ontem, entre o Ministério da Infraestrutura e a Quadra Capital, vencedora do leilão, no Cais Comercial de Vitória (ES). O ato marca a primeira privatização portuária do País.
A partir de agora, o Fip Codesa, fundo de investimento gerido pela Quadra Capital, passa a ser o acionista majoritário e controlador da empresa. Com a assinatura do contrato, ele passa a ter 90% das ações da empresa, percentual que pode aumentar. De acordo com a legislação, 10% das ações ordinárias da companhia (650.916.000 unidades) devem ser oferecidas para serem adquiridas por seus trabalhadores, tanto os da ativa como os aposentados Dessa parcela, as que não forem arrematadas terão de ser compradas pelo novo controlador, ampliando sua participação.
Após esta etapa, o próximo passo será a assinatura do contrato de concessão dos portos de Vitória e Barra do Riacho, prevista para o dia 20, entre o Ministério da Infraestrutura, por meio da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), e a empresa vencedora do certame.
O processo de desestatização da Codesa foi conduzido pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Infraestrutura, sob coordenação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“A privatização traz a experiência do setor privado para a operação dos portos”, disse o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, durante o seu pronunciamento na cerimônia de assinatura do contrato, que contou ainda com as presenças do secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Mario Povia, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery, o diretor-presidente da Codesa, Bruno Fardin, o futuro CEO da companhia, Ilson Hulle, entre outras autoridades.
A Codesa foi privatizada após 116 anos como empresa pública. O fundo de investimentos multiestratégia Shelf 119, da Quadra Capital, arrematou a companhia com oferta de R$ 106 milhões, em leilão realizado no dia 30 de março, na Bolsa de Valores de São Paulo – B3.
O contrato é de 35 anos, prorrogável por mais 5 anos. Pelo contrato assinado, a Quadra Capital assume o compromisso de adquirir as ações da companhia por R$ 326 milhões e investir R$ 850 milhões, sendo R$ 335 milhões na ampliação dos dois portos. A União receberá repasses fixos anuais no valor de R$ 24,75 milhões e contribuições variáveis anuais equivalentes a 7,5% da receita. Os custos também envolvem uma taxa anual de fiscalização à Antaq de R$ 3,188 milhões.
“Com a concessão do ativo do porto e a privatização da Companhia Docas, e investimentos da ordem de R$ 850 milhões, vamos ter mais de 15 mil empregos sendo gerados nos próximos anos e esse investimento vai dar maior eficiência para o porto, vai atrair mais carga. É um ciclo positivo, de desenvolvimento e progresso não só para o porto, mas para toda a região de Vitória”, destacou Sampaio.
Em nota, a Autoridade Portuária da Codesa informou que a companhia permanecerá a cargo da diretoria executiva. Na tarde de ontem, ocorreu ainda a nomeação dos novos membros do Conselho de Administração.
Por fim, a atual gestão da companhia reiterou que “uma Codesa mais ágil e dinâmica e com respeito à sua história e ao legado construído contribuirá para a criação de renda e riqueza aos seus colaboradores, aos seus parceiros e a toda sociedade capixaba”.
Novo executivo
Nome escolhido pela Quadra Capital para ser o CEO da Codesa, Ilson Hulle também discursou no evento. Anteriormente, ele foi diretor da Log In, empresa que é dona do Terminal de Vila Velha, também no Espírito Santo. Segundo Hulle, a ideia é investir o que for preciso para tornar o Porto de Vitória, em especial, uma referência em termos de movimentação. “Seremos um porto aberto, especialmente para as comunidades ao redor, eficiente e moderno, com muito respeito à população e ao meio ambiente”.
Faturamento e movimentação de cargas ampliados
A Companhia Docas do Espírito Santo ampliou seu faturamento anual de R$ 154 milhões para R$ 194 milhões, saindo de 7 milhões para mais de 8,5 milhões de toneladas de cargas movimentadas entre 2019 e 2021. Os avanços ocorreram mesmo com a retração econômica causada pela economia mundial e pela pandemia da Covid-19, segundo o Ministério da Infraestrutura. “A Codesa ganhará agilidade administrativa e maior capacidade de investimento, gerando emprego e renda para a região”, disse o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio.
O leilão da companhia capixaba é considerado um piloto para os leilões de outros ativos que estão programados para este ano, como os portos de Itajaí (SC), São Sebastião (SP) e Santos (SP), o maior da América Latina.