Durante o painel do Fórum Brasil Export, especialistas debateram a importância da modelagem tarifária e os desafios ambientais para a logística aquaviária no país (Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export)
Brasil Export
Painel do Brasil Export discute o futuro das hidrovias do país
Líderes do setor debatem a importância da concessão e da gestão ambiental nas operações aquaviárias
O painel “Panorama das concessões de hidrovias” do Fórum Brasil Export, realizado entre os dias 8 e 10 deste mês, em Brasília (DF), trouxe à tona debates cruciais sobre a importância da modelagem e concessão de hidrovias no Brasil, especialmente em um momento onde as condições logísticas são essenciais para o escoamento da produção nacional. O evento contou com a participação de especialistas como o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery, e a diretora de Engenharia e Inovação da Hidrovias do Brasil, Mariana Yoshioka.
O evento contou com a moderação do diretor-geral da Rede BE News, Leopoldo Figueiredo, e teve como jornalistas convidados o sócio-diretor da Agência Infra, Dimmi Amora, e a gerente de Comunicação da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados, Milena de Castro.
Entre os painelistas, também participaram o secretário nacional de Hidrovias do Ministério de Portos e Aeroportos, Dino Batista, e o superintendente de Projetos Portuários e Aquaviários da Infra S.A., Fernando Correia dos Santos.
Durante o painel, Eduardo Nery destacou o impacto positivo da concessão da hidrovia do Rio Madeira, mencionando a importância da tomada de subsídios para aperfeiçoar os valores referenciais das tarifas de transporte.
“O objetivo da audiência pública e da tomada de subsídios é justamente receber as contribuições e fazer os ajustes necessários. Essa modicidade tarifária que temos hoje está, em grande parte, proporcionada pelos recursos da venda da Eletrobras”, explicou.
Ele ressaltou que, embora a tarifa atual de R$ 0,80 por tonelada seja bastante atrativa, há espaço para possíveis ajustes. “Mesmo com possíveis investimentos adicionais, estamos confiantes de que o modal hidroviário continua competitivo com tarifas próximas a US$ 1 por tonelada”, completou.
Mariana Yoshioka, que representou a indústria privada no debate, trouxe uma visão crítica sobre os desafios e oportunidades do setor. Ela ressaltou os avanços recentes, como a criação de uma secretaria dedicada ao tema, o que considera um passo importante para destravar valor no setor. “É uma obrigação do país avançar nessas discussões, principalmente no que diz respeito à viabilidade econômica das tarifas e à competitividade logística”, pontuou.
Operações
Além das discussões sobre a modelagem das tarifas, o painel abordou aspectos ambientais que impactam diretamente a operação das hidrovias. Fernando Correia, da Infra S.A., comentou sobre os riscos ambientais e as variáveis hidrológicas que afetam a navegabilidade, especialmente em períodos de cheia e seca. “Estamos tratando de uma variação de 12 metros na lâmina d’água no Rio Madeira, por exemplo. A concessão já nasce com uma compreensão de controle desses riscos, e os serviços devem respeitar essas condições sazonais”, explicou Correia, reforçando que a modelagem do projeto inclui esses riscos no cálculo dos níveis de serviço.
Já Nery mencionou que o Governo deve atuar em situações de exceção, como grandes secas, assumindo parte dos riscos. “Abaixo de 10% do nível histórico de seca, entra o compartilhamento de riscos, onde o poder público passa a assumir uma parte. Essa é uma das condições que estamos trabalhando para garantir a continuidade das operações”, afirmou o diretor-geral da Antaq.
O Brasil Export 2024 foi uma edição nacional do Brasil Export, principal fórum de debates sobre o desenvolvimento dos setores de portos, logística, transportes e infraestrutura do país. Sua programação foi transmitida pela TV BE News no canal 82 da Sky; canal 58 da parabólica; e em sinal aberto para a Grande Campinas no canal 19. Está disponível no canal @tv_benews no Youtube; e no site www.tvbenews.com.br.