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Terminal de contêineres da Wilson Sons no Porto de Rio Grande (RS): A transação com a MSC, que totaliza R$ 4,35 bilhões, ainda precisa de aprovação do Cade e da Antaq. Foto: Divulgação/Wilson Sons

Nacional

Aquisição da Wilson Sons pela MSC movimenta setor de portos e logística

22 de outubro de 2024 às 7:15
Da Redação Enviar e-mail para o Autor

Entidades portuárias e especialistas avaliam a negociação e suas possíveis consequências para o cenário de terminais no Brasil

A Mediterranean Shipping Company (MSC), líder mundial no transporte marítimo de contêineres, concluiu a negociação para a compra da Wilson Sons, uma das principais operadoras portuárias e de logística do Brasil. O fato foi anunciado pela Wilson Sons na manhã de segunda-feira (21). O BE News ouviu especialistas do setor e entidades empresariais que comentaram sobre a transação e o futuro das operações do segmento de contêineres no Brasil.

Segundo o grupo brasileiro, seu acionista controlador, o OW Overseas (Investments) Limited, firmou um contrato para venda de 248.664.000 ações ordinárias de emissão da companhia, 56,47% do capital social, para SAS, uma das empresas da MSC, grupo com sede em Genebra, na Suíça. O valor da operação foi de R$ 17,50 por, totalizando R$ 4,352 bilhões.

A transação precisa de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Segundo fato relevante divulgado pela Wilson Sons, a operação deve ser concluída no segundo semestre de 2025.

Com a conclusão, a SAS Shipping Agencies Services Sàrl, subsidiária integral da MSC, vai lançar uma oferta pública de aquisição das ações remanescentes da Wilson Sons nas mesmas condições do combinado com a OW Overseas.

O segundo maior acionista da Wilson Sons é a Tarpon Capital, com 12,11%. A Radar Gestora detém outros 9,62%, segundo dados da companhia.

A transação ocorre um mês depois de a CMA CGM, multinacional francesa dos setores de transporte e logística, anunciar um acordo para a aquisição da Santos Brasil, operadora portuária que administra um dos principais terminais de contêineres do país, o Tecon do Porto de Santos (SP).

A transação previa a compra de 48% da companhia do Fundo de Investimentos Opportunity. A partir daí, o grupo francês conseguiria adquirir a maioria do capital social da Santos Brasil, 51%.

Opiniões

O diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Angelino Caputo, comentou que o setor observa, neste momento, uma tendência onde os principais armadores estão reforçando suas estratégias e investindo em terminais portuários.

“A Wilson Sons opera importantes terminais de contêineres em Rio Grande (RS) e em Salvador (BA), além de um Clia (Centro Logístico e Industrial Aduaneiro) em Santo André (SP). O interessante nesse caso é que a verticalização passa a incluir também a operação de rebocadores, um dos principais serviços demandados pelos armadores nas manobras de atracação e desatracação de seus navios. Precisamos aguardar a estabilização desses movimentos, que começou com a compra da Santos Brasil pela CMA CGM para entender como irão se equilibrar as forças de mercado”, comentou.

O diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Silva, comentou que está sendo uma variante comum empresas do segmento de contêineres fazerem esse tipo de movimentação no mercado.

“Os armadores e grandes grupos empresariais e internacionais já vem há muito tempo investindo no Brasil, não só através de construção de terminais, mas também de aquisições. Essas verticalizações são tendências mundiais, e o Brasil, com a quantidade de carga que tem, com a sua importância, não seria diferente”, resumiu.

O consultor portuário e ex-secretário de Portos Fabrizio Pierdomênico comentou sobre o grande potencial que o Brasil tem em potencializar investimentos de empresas internacionais, como ocorreu com a CMA CGM e, agora, a MSC.

“O ponto positivo está no ganho de escala e custos, haja vista a cadeia terminal/armador, porém, como toda atividade verticalizada, merecerá atenção dos órgãos regulares da concorrência. Mais escala, menos custos e deverá significar queda nos preços da movimentação do contêiner, pelo menos deveria acontecer. Outro ponto é que essas aquisições demonstram o interesse de empresas estrangeiras em investir no Brasil. Isso significa que tendo estabilidade econômica e institucional, o país tem potencial para atrair mais investimentos”, disse.

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