O primeiro lugar da categoria inovação foi para a solução tecnológica desenvolvida pela VLI para otimizar os planos de embarque e desembarque de navios graneleiros para as operações portuárias. Foto: Divulgação
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Projetos dos terminais privados da VLI e Edge vencem o Prêmio ATP 2024
Empresa de logística conquistou o primeiro lugar da categoria “Inovação tecnológica portuária”, enquanto empresa de gás foi a primeira colocada em “Impacto social portuário”
Projetos de terminais das empresas VLI e Edge, foram os vencedores da segunda edição do Prêmio ATP, da Associação de Terminais Portuários Privados, cuja premiação aconteceu nesta quinta-feira (24), no Clube Naval de Brasília. O CEO do Grupo Brasil Export, Fabricio Julião, prestigiou o evento.
A empresa de logística conquistou o primeiro lugar da categoria “Inovação tecnológica portuária”, enquanto a empresa que opera FSRU (Unidade de Armazenamento e Regaseificação Flutuante) foi a primeira colocada em “Impacto social portuário”. Criado ano passado, o Prêmio ATP é o único que premia exclusivamente terminais de uso privado, FSRU, ETC (estações de transbordo de carga) e IPTur (Instalações Portuárias de Turismo).
O Prêmio recebeu a inscrição, no total, de 33 trabalhos, sendo 20 de impacto social e 13 de inovação. Quatro jurados diferentes para cada uma das duas categorias escolheram os projetos vencedores, seguindo vários critérios. Completaram os dois pódios o Complexo de Pecém e a DPWorld, que conquistaram o segundo e o terceiro lugares, respectivamente, na categoria inovação; e a VLI e o Porto do Açu, que ficaram na segunda e terceira posições, respectivamente, na categoria impacto social.
O primeiro lugar da categoria inovação foi para a solução tecnológica desenvolvida pela VLI para otimizar os planos de embarque e desembarque de navios graneleiros para as operações portuárias. O objetivo foi criar um software de planejamento e simulação desses planos, de tal forma que eles fossem customizados e otimizados para maximizar a segurança, a eficiência operacional e a estabilidade e esforços estruturais dos navios.
“O prêmio é o reconhecimento do nosso trabalho em equipe em acreditar que a gente não muda nada. A gente investe em pessoas e elas, sim, mudam. O core da VLI é a gente investir em pessoas e elas terem ideias que vão mudar tanto no quesito inovação quanto sustentabilidade”, disse Mariana Frias, especialista marítimo portuária da VLI, logo após receber o prêmio.
Já a Edge venceu a categoria impacto social com o projeto “Protagonismo Comunitário na Vila dos Pescadores”, implementado na Vila dos Pescadores em Cubatão, São Paulo. A área, conhecida pelo seu histórico de degradação ambiental e falta de infraestrutura básica, abriga famílias de baixa escolaridade e renda limitada, em sua maioria chefiadas por mulheres. Por meio de diversas ações de empoderamento social e conscientização de cidadania, a Edge conduziu a população ao desenvolvimento de ideias, com intervenções nos espaços comunitários voltadas ao bem-estar dos moradores. No total, 1.820 pessoas foram impactadas pelas ações do projeto.
“É o primeiro ano da Edge na ATP. Então, é uma honra receber esse prêmio. O impacto social é muito relevante para nós. Desde o início do terminal, que começou a operar este ano, nós estivemos em contato com essa comunidade e descobrimos essas mulheres incríveis lá, o que nos deu essa possibilidade de implementar o projeto. É uma parceria que já dura dois anos. Desde o início, nós tivemos esse olhar para a comunidade e a trouxemos para junto do projeto. Entender como eles vivem e convivem conosco lá no Porto de Santos foi fenomenal para dar certo”, disse Patricia Crevilaro, gerente executiva institucional da Edge, após a premiação.
Outros vencedores
O segundo lugar da categoria inovação foi conquistado pelo Complexo de Pecém por uma iniciativa pioneira na hidrografia. Pela primeira vez no Brasil, uma embarcação autônoma (Unmanned Service Vessels – USV) foi empregada, obtendo homologação do Centro de Hidrografia da Marinha para atualização cartográfica. Essa atualização é fundamental para garantir a segurança da navegação, fornecendo informações precisas sobre o fundo do mar, obstáculos submersos e mudanças nas condições marítimas, como bancos de areia e erosão costeira. O levantamento foi realizado na costa cearense pela embarcação Guará, um Drix USV da Exail, entre abril e maio de 2023 e em janeiro de 2024, incluindo as fases de mobilização e desmobilização de equipamentos.
Já o terceiro lugar foi para um projeto da DPWorld que propôs a eletrificação dos RTGs (Rubber-Tired Gantries) de um terminal portuário. Responsáveis pelas movimentações de contêineres dentro das quadras do pátio, esses equipamentos geralmente são movidos a diesel, liberando grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. A eletrificação consiste, portanto, em uma estratégia sustentável de descarbonização, combate às mudanças climáticas e redução das emissões dos gases de efeito estufa (GEE). Os resultados do projeto mostraram uma redução de aproximadamente 55% das emissões de carbono do terminal portuário
Na categoria impacto social, o vice-campeão foi o projeto “Nossa Isca”, da VLI, que teve por objetivo modificar a realidade econômica e social dos pescadores artesanais do estuário da Baía de Santos por meio da implantação de tanques recirculantes e de aquaponia. A aquaponia consiste em um sistema de cultivo que conjuga a aquacultura (criação de organismos aquáticos, como peixes, camarões e outros) e a hidroponia (produção de plantas com raízes submersas na água) em um ambiente favorável para ambos.
Além de treinamento aos pescadores, foram implantadas seis unidades modulares de iscas vivas e seis unidades modulares de aquaponia nos locais indicados pelas lideranças das colônias de pesca. Essa transferência de tecnologia para a comunidade, propiciada pelo projeto, permitirá melhoria na manutenção dos camarões em cativeiro e, paralelamente, a produção de hortaliças para o núcleo familiar do pescador artesanal, tanto para consumo próprio como para venda.
O bronze da categoria impacto social ficou com o projeto voluntário de conservação do ecossistema de restinga do Norte do Estado do Rio de Janeiro, mantido pelo Porto do Açu. A área da Reserva Caruara, como é chamada, já foram plantadas mais de 1,4 milhão de mudas e desenvolvidas, através de parcerias estratégicas, 54 pesquisas científicas. A iniciativa fomentada pelo Complexo Portuário visa proteger, restaurar e promover a biodiversidade do maior fragmento remanescente de restinga em área privada do Brasil.
Para o diretor-presidente da ATP, Murillo Barbosa, os projetos vencedores mostram a diversidade de temas importantes nos quais os terminais privados portuários brasileiros estão engajados. “Essa foi a segunda edição do nosso prêmio e vemos como, a cada ano, se torna mais difícil escolher os melhores projetos porque são muitas iniciativas fundamentais do ponto de vista social, ambiental e tecnológico. É gratificante para a ATP reconhecer essas iniciativas que evidenciam como o papel dos nossos associados vai muito além da operação portuária em si”, disse Murillo.