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Cuidar de si é missão para toda vida

3 de novembro de 2024 às 14:07
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

psicóloga e gerontóloga Sônia Azevedo Menezes Prata Silva Fuentes

Vivemos em um cenário de muitas dúvidas, ansiedade, informações por todos os lados e falta de tempo, inclusive para cuidar de nós. A psicóloga e gerontóloga Sônia Azevedo Menezes Prata Silva Fuentes explica que esse cenário pode ser suavizado: “Nosso cérebro não funciona desconectado do corpo, da mente e do espírito dentro dessa grande aventura que é a vida. Cuidar de si inclui cuidar do cérebro e da mente, exercer a autonomia e a possibilidade de escolher como podemos melhorar o nosso tempo e o nosso envelhecer”. Confira a entrevista exclusiva:

Por que se interessou pelo tema cuidar de si?

Esse tema, para mim, sempre exerceu fascínio e despertou interesse, desde que fiz minha pesquisa de Mestrado sobre ele. Com muitos estudos e práticas na profissão, isso se consolidou. Considero sedutor e envolvente falar sobre cuidar, é um conceito que implica movimento, ação. Para o Mestre, estudei muito a atuação de grandes filósofos como Michel Foucalt, Sócrates, Sêneca e Thales de Mileto, entre outros, que também se preocuparam em suas épocas com a questão do autoconhecimento.

O que é cuidar de si?

De acordo com minhas pesquisas e observações em consultório, a grande maioria das pessoas responde que são as atitudes que compreendem os cuidados básicos diários, isto é, as ações que circulam pela área das atividades do cotidiano, assim como comer bem e saudável, se exercitar física e mentalmente, socializar, desenvolver a espiritualidade e conseguir ter uma boa noite de sono, isto é, dormir no mínimo umas 7, 8 horas, entre outras. Outro dado importante é que, ao pesquisarmos no google acadêmico quais seriam as atividades geradoras de cuidar de si, também mais de 90% das respostas circundam os cuidados físicos e biológicos.

E por que esse conceito ficou mais ligado ao físico?

Nosso imaginário social ocupa o cuidado objetivo. Não é de se surpreender, pois somos os únicos animais que nascem totalmente dependentes de algum tipo de cuidado de outrem.

Será que as atitudes que englobam os cuidados físicos satisfazem?

Durante minhas investigações acadêmicas, eu me deparei com o pensamento do filósofo Michel Foucault, o qual me abriu inúmeras portas para pensar esse conceito mais amplo. Uma possibilidade de escolher de que forma eu gostaria de experimentar, o que fazer para me cuidar, o que pode depender de mim. Essa abordagem fez uma enorme diferença na minha postura atual. Assim como mudou meu foco, me encantou poder dar esse mergulho nas diferentes faces de cuidar de si, desvinculadas de modelos uniformes e padronizados. A nossa saúde depende de uma ação libertadora, uma permissão para escolher de que forma quer se cuidar e ser cuidada.

Como desempenhar bem esse papel?

Em primeiro lugar é importante fazer um exercício de autoanálise. Como aponta Foucault, visto nos pensadores gregos em especial Sócrates, é necessário voltar-se para si, ocupar-se de si, é preciso se conhecer, se cuidar a cada instante. É um trabalho de uma vida toda, descobrir o que nos faz sentido, nos traz prazer e alegria, além de poder contribuir com os que nos cercam. Se levarmos em conta que estamos na metade de nossa vida, acho pertinente valorizarmos esse tempo precioso que resta, com muita atenção e cuidado. Como diria Sêneca: “Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida”.

Como fazer isso?

Onde quer que você esteja e quaisquer que sejam as circunstâncias, procure apresentar um desempenho impecável. Se o seu papel é de leitor, leia. Se é de escritor, escreva. Assuma o protagonismo de suas escolhas da melhor forma possível.

Pode dar um exercício para reflexão sobre esse cuidado?

Gosto muito do relaxamento com auxílio de uma vela.

Música sugerida: https://youtu.be/OIUWcrUIWas

Providencie uma vela grande, um fósforo e um prato ou copo para colocá-la, protegendo caso caia cera derretida. Acenda a vela, apague a luz, faça movimentos circulares com a vela com as mãos, círculos gigantes em câmera lenta, bem devagar, sem mudar de posição e sem mexer a cabeça, só os olhos podem acompanhar a chama. Cinco círculos grandes, cinco pequenos. Apague a vela, feche os olhos e preste atenção na respiração, permita que o calor, a chama simbólica, penetre dentro de você através de cada inspiração trazendo novas energias, e que os problemas possam se diluir ao expirar – conforme o ar sai de pulmões. Contemple esse bem-estar. Uma boa forma de cuidar de si, com sabedoria e simplicidade

(*) Em breve o curso online da psicóloga estará disponível gratuitamente no Youtube do Ideac, O novo da velhice

 

 

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