Brasil mira inovar estaleiros após visita ao Porto de Palermo

Visita da missão do Brasil Export à Fincantieri abre caminho para soluções estruturais na indústria naval brasileira

A comitiva de empresários e autoridades do Brasil Export visitou na quarta-feira (6), o estaleiro da Fincantieri no Porto de Palermo, na Itália, durante a agenda do quarto dia da missão internacional 2024 do grupo. Representantes da empresa apresentaram a estrutura da instalação e os projetos de ampliação do terminal, que é um dos maiores do mundo dentro do segmento.

A equipe da empresa italiana foi composta pelo diretor do estaleiro, Marcello Giordano, o gerente da área, Federico Biggio, e a titular da pasta de Defesa e Assuntos Institucionais Internacionais, Giorgia Nenci.

O estaleiro da Fincantieri conta com três diques secos para reforma, manutenção e construção de navios. O maior deles tem largura de 68 metros, com capacidade para navios até 400 mil toneladas. A empresa ainda espera a chegada de um novo dique seco, em uma nova área que foi cedida pela Autoridade Portuária de Palermo, e vai ampliar a capacidade operacional do empreendimento.

O estaleiro possui uma área externa de 205 mil metros quadrados e três berços de atracação. O projeto de ampliação terá investimentos de 150 milhões de euros, com obra de duração de 24 meses, e envolve a chegada do novo dique seco, com capacidade maior do que aqueles que já operam no local.

A Fincantieri é a maior empresa de construção naval da Europa e o estaleiro de Palermo, um dos 18 da companhia ao redor do mundo, é uma referência internacional. Integrantes da comitiva trataram a visita como uma oportunidade para pensarem em soluções com o objetivo de desenvolver estaleiros de grande porte voltados para a indústria naval nas principais regiões portuárias do Brasil.

O secretário de Governo da Prefeitura de Santos (SP), Fábio Ferraz, destacou a importância da visita para conhecer a complexidade das operações realizadas no terminal, ressaltando a carência de empreendimentos que realizem um serviço dessa magnitude no Brasil.

“Uma experiência muito boa para nós, gestores públicos, e para o setor privado, compreendermos não só a complexidade de uma operação como essa, que precisa ser implementada no Brasil, já que não temos exemplos relevantes no nosso país dessa forma, mas também a inspiração de como se faz algo de forma tão sólida e perene. É uma empresa com mais de 100 anos de tradição; permite que você tenha a continuidade de um bom serviço. São essas boas experiências que nós temos que aprender para que possamos concretizar investimentos dessa natureza no Brasil, pensando a longo prazo”, afirmou.

O prefeito de Guarujá (SP), Válter Suman (PSDB), também abordou a necessidade de desenvolver estaleiros com essa estrutura no país e falou sobre a possibilidade da cidade, que abriga terminais da margem esquerda do Porto de Santos, receber um empreendimento como esse.

“No Brasil, com uma faixa litorânea tão extensa, não temos, ou temos poucos, estaleiros desse nível. Uma das propostas que nós fizemos à empresa foi a disponibilidade de áreas em Guarujá, tanto da margem esquerda como na retroárea. Eles já estão em contato direto com a Saipem, que está instalada em Guarujá”, disse o prefeito referindo-se à empresa de serviços e soluções para os setores de energia e infraestrutura.

A Fincantieri já atua no Brasil, no Porto de Suape, em Pernambuco, onde possui o Estaleiro Vard Promar. No mês passado, o CEO e diretor-geral do Grupo Fincantieri, Pierroberto Folgiero, visitou o complexo portuário nordestino e demonstrou boas perspectivas para investir na construção de navios em solo brasileiro.