Com o tema “Além do óbvio: soluções normativas, jurídicas e operacionais para ganhos de eficiência na logística”, o debate reuniu representantes do legislativo, empresas e portos públicos. Foto: Núria Bianco/BE News
Brasil Export
Setores discutem soluções logísticas para Norte/Nordeste
Adoção de novas regras e práticas operacionais para driblar as dificuldades no transporte foram destaque
A adoção de novas regras e práticas operacionais para driblar as dificuldades no transporte de cargas nas regiões Norte e Nordeste foram tema do segundo painel realizado na tarde desta sexta-feira (8), na Missão Internacional do Grupo Brasil Export, a bordo do MSC Fantasia, passando por portos do Mediterrâneo e África. Com o tema “Além do óbvio: soluções normativas, jurídicas e operacionais para ganhos de eficiência na logística”, o debate reuniu representantes do legislativo, empresas e portos públicos.
Da Bahia, o deputado estadual Eduardo Salles, falou sobre os gargalos na intermodalidade na região do Matopiba, que além do estado baiano abrange os estados do Maranhão, Tocantins, e Piauí. “Temos uma grande eficiência da porteira para dentro, na produção de grãos, algodão e minérios, mas precisamos investir na chegada desses produtos no porto”, defendeu.
Salles apresentou uma visão geral das ferrovias que ligam as áreas produtivas aos portos da Bahia e criticou a devolução antecipada da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) pela concessionária VLI. “Precisamos ter a manutenção, modernização e ampliação da linha, que é fundamental para toda a região. A FCA conecta sete estados e o Distrito Federal, não podemos deixar que ela seja abandonada”, defendeu.
No Amazonas, a seca severa exigiu criatividade e muito investimento por parte dos terminais privados e da autoridade portuária. A Super Terminais, por exemplo, montou uma operação inédita de transbordo de cargas na cidade de Itacoatiara e investiu R$ 45 milhões para abastecer a indústria e o comércio na região Norte do país.
“Em 2023 tivemos um prejuízo bilionário com a estiagem, então nos preparamos para enfrentar esta nova realidade. Transferimos parte do nosso píer flutuante para receber os navios de contêineres e manter as operações, mas, precisamos de soluções definitivas. Tanto para a BR-319, que liga Manaus ao resto do Brasil, quanto para a hidrovia, que necessita de dragagem regular”, ressaltou o diretor do terminal, Marcello Di Gregório.
O pedido por maiores investimentos e políticas públicas também foi feito por Renato Freitas, superintendente da Transglobal, empresa que tem atuação no Maranhão, Pernambuco, Pará e Ceará. “O poder público tem que ouvir o setor produtivo. Nós queremos ajudar. Se a legislação permitir e o poder público deixar, a gente faz os investimentos que precisam ser feitos. Nós temos vontade, conhecimento e queremos trabalhar juntos”, disse.
As autoridades portuárias também estão inovando para vencer os desafios. A Companhia Docas do Pará junto com o Governo do Estado do Pará, prepara o projeto Porto Futuro I e II e realiza obras de dragagem para receber não só os navios de cargas, mas a rede hoteleira flutuante que deve ser montada para a COP 30, no ano que vem, em Belém. “Teremos navios de cruzeiro servindo de hotel para os turistas e autoridades do mundo todo que nos visitaram para a Conferência do Clima”, adiantou a gerente jurídica da Companhia, Fernanda Araújo. Segundo ela, a gestão tem se esforçado para entender as necessidades do mercado, dialogando com usuários e prestadores de serviços.
A moderação do painel foi feita pela diretora-executiva da Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias (ABEPH), Gilmara Temóteo.