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Essa foi a primeira vez que executivos do setor portuários realizaram um debate público sobre o documento final entregue no último dia 6 ao presidente da Câmara dos Deputados. Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export

Brasil Export

Entidades portuárias pedem ajustes em novo marco regulatório

Atualizado em: 9 de novembro de 2024 às 9:03
Nuria Bianco Enviar e-mail para o Autor

Debate do Brasil Export reúne lideranças para discutir pontos críticos do anteprojeto entregue ao Congresso

Entidades empresariais portuárias defendem alterações no anteprojeto de lei que moderniza o marco regulatório do setor. Representantes dessas associações reconheceram os avanços previstos no texto, mas admitiram a necessidade de alterar “alguns pontos”. A posição foi apresentada durante o Fórum Internacional do Grupo Brasil Export, na sexta-feira (8), a bordo do navio MSC Fantasia, que passa por portos do Mar Mediterrâneo na Europa e na África.

Essa foi a primeira vez que executivos do setor realizaram um debate público sobre o documento final entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na última quarta-feira (6). O relator da proposta, desembargador Celso Peel, acompanhou a discussão e respondeu algumas das críticas.

Angelino Caputo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), questionou a nova atribuição dada à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq)  na regulamentação de recintos alfandegados fora da poligonal portuária.

“Se for aprovado da forma que está no anteprojeto, cria-se mais uma burocracia, mais uma dificuldade. Os terminais alfandegados de retroárea teriam de responder, além da Receita Federal, para a Antaq.  Ou seja, ao invés de reduzir os processos e agilizar os trâmites, a lei vai criar uma nova barreira”, destacou.

Outro ponto apontado por ele é a atribuição dada para as autoridades portuárias em desenvolver, implementar e operar o sistema de Port Community System (PCS). “No mundo inteiro existem uns cinco modelos diferentes. A partir do momento que coloca-se na lei que a responsabilidade é única e obrigatória por parte da autoridade portuária, a lei engessa e limita a adoção de modelos e práticas mais modernas”, completou.

Murillo Barbosa, Presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), destacou que, de forma geral, o texto vai de acordo com o entendimento do segmento patronal, mas com alguns pontos de melhoria. “Fizemos uma análise prévia, porque tivemos acesso ao texto final só na quarta-feira. São aspectos de preocupação o conceito de complexo portuário e cadeia verticalizada, o fim do anúncio público”, adiantou.

“Nós propusemos o fim do anúncio, mas não da maneira que foi colocada no anteprojeto. Na maneira que está escrito, engessou qualquer outorga de TUP (terminal de uso privativo) e está em completo desacordo com o princípio da livre concorrência”, completou ele.

Para Evandro Pause, diretor-executivo do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) de Santos, a leitura inicial da proposta de lei indicou que é preciso discutir de maneira mais ampla a criação de empresas privadas de gestão de trabalho portuário.  “Empresas e Ogmos terão escopos e responsabilidades parecidos, mas não iguais. Então, haverá uma competitividade, o que é positivo, mas é preciso saber quais os termos desta concorrência.  A lei vem para resolver problemas históricos, que precisavam ser revistos, mas o anteprojeto necessita de mais discussão para ser adequado”, considerou Pause.

Sergio Aquino, presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop), considera que a nova legislação será o grande marco regulatório do sistema portuário brasileiro. “Não é uma lei apenas para tratar de porto. É um instrumento muito mais importante, que mexe em políticas públicas que estão em torno do setor. Nós, como entidades empresariais, debatemos e nos unimos como coalizão. Definimos que os consensos seriam defendidos como propostas do grupo, enquanto,  o que não fosse consenso, cada entidade iria defender da sua maneira.  Agora, provavelmente, vamos voltar a nos reunir como coalizão e ver o que o grupo defende”, contou.

“No Congresso vão entrar os fatores sociais e políticos. A comissão de juristas fez a análise técnica e trouxe fatores novos, extremamente importantes e estratégicos para o país. São  inovações que vêm para corrigir problemas históricos, como a questão de treinamento e capacitação que, desde 1993, não é enfrentado”, avalia.

O painel foi acompanhado pelo relator do anteprojeto, desembargador Celso Peel, que assistiu aos debates. Peel defendeu aos presentes, e aos deputados e senadores que acompanhavam a programação, o trabalho realizado pela comissão.

“Quando a gente elabora e apresenta um projeto de lei não estamos defendendo um setor específico, mas o setor portuário e a economia brasileira. Nosso papel, enquanto juristas, era fornecer uma análise imparcial para embasar o legislador, com equilíbrio entre a liberdade econômica e a valorização do trabalho humano”, ressaltou.

 

 

 

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