O terceiro painel da Missão Brasil Export na sexta-feira reuniu três especialistas do setor marítimo para discutir ações para segurança e transição energética na navegação. Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export
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Transição energética precisa de integração no setor
Especialistas propõem abordagem escalonada e investimentos em portos para impulsionar navegação sustentável
O terceiro painel do quinto dia da missão internacional do Brasil Export 2024, na sexta-feira (8), reuniu três especialistas do setor marítimo para discutir ações para segurança e transição energética na navegação.
O debate teve a participação do presidente da Praticagem do Brasil, Bruno Fonseca, o presidente da Praticagem de São Paulo, Fabio Fontes, e o presidente da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima (Fenamar), Marcelo Neri.
O presidente da Fenamar, Marcelo Neri, afirmou que, no Brasil, a transição energética no setor ainda depende da infraestrutura portuária acompanhar essa mudança. Ele ressaltou que os portos do país não possuem instalações apropriadas para a utilização de algumas soluções sustentáveis, como o uso de combustíveis verdes, que dependem de empreendimentos fora do porto. A partir dessa observação, Neri sugeriu uma transição gradual, visando desenvolver as estruturas para a implantação de novas políticas verdes.
“Estamos defasados em relação a outros países. As ações estão sendo discutidas, mas a execução ainda está em fases iniciais. Talvez o Brasil precise adotar uma abordagem escalonada. Nos próximos cinco anos focar em tecnologias mais simples para transição e de 2030 em diante, migrar para soluções mais verdes, desde que a infraestrutura acompanhe. A descarbonização é possível, mas a gente precisa de uma visão mais realista sobre como isso se encaixa a essas particularidades”, afirmou.
O presidente da Praticagem de São Paulo, Fabio Fontes, também falou sobre a carência de infraestrutura no setor portuário para atender navios sustentáveis da maneira adequada. “Fico triste vendo aqueles navios movidos a GNL (Gás Natural Liquefeito) e que não tem como reabastecer quando chegam ao porto”. Fontes ainda destacou o trabalho feito pela Praticagem de São Paulo, com a troca do motor convencional das lanchas por motores elétricos.
O presidente da Praticagem do Brasil, Bruno Fonseca, cobrou uma integração maior no trabalho de transição energética no setor marítimo, alinhando essas ações no mar, com projetos que envolvam mudanças em diferentes partes do processo logístico. “Não adianta só o navio ser verde, a logística precisa ser verde. E o caminhão que leva a carga até o porto? Precisamos ter toda uma infraestrutura de fabricação, armazenamento e distribuição para abastecer esses navios. A cadeia precisa ser verde e todas as decisões precisam ser tomadas em conjunto”, reforçou.