Barcelona, na Catalunha, é o porto líder da Espanha na movimentação em valores, espaço multipropósito que opera contêineres, graneis sólidos, líquidos e cargas de veículos (Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export)
Brasil Export
Missão visita Barcelona e estuda modelos logísticos e sustentáveis
Transição energética e Zona de Atividades Logísticas servem de inspiração para o desenvolvimento portuário no Brasil
A comitiva da missão internacional 2024 do Brasil Export por cidades banhadas pelo Mar Mediterrâneo fez uma visita ao Porto de Barcelona, na Espanha, no último sábado (9). A equipe desembarcou do navio MSC Fantasia na Escola Europeia, na área do complexo portuário, e foi recepcionada por um guia que apresentou toda a infraestrutura e projetos de expansão do porto.
Barcelona, na região da Catalunha, é o porto líder da Espanha na movimentação em valores, espaço multipropósito que opera contêineres, graneis sólidos, líquidos e cargas de veículos.
Dois terminais operam no complexo portuário: a APM Terminals Barcelona e a Hutchison Ports BEST. Juntos, esses terminais têm uma capacidade máxima que equivale a 5,05 milhões de TEU por ano.
A transição energética também foi tema protagonista, destacando o terminal utilizado para reabastecer navios movidos a Gás Natural Liquefeito (GNL) presente no porto.
O academic manager da Escola Europeia, Alexandre Ariza, falou sobre os planos de transição energética no Porto de Barcelona, ressaltando a rigidez adotada por conta da localização do complexo, que fica próximo da cidade, além de falar sobre a expansão de oferta de GNL.
“Nos próximos anos, entre 2035 e 2050, temos objetivos bem concretos. O Porto de Barcelona, por estar muito próximo da população, tem um plano de transição energética mais exigente. Por exemplo, a implantação do onshore supply, conectando as embarcações aos terminais. Atualmente, estamos finalizando a implementação do sistema em um terminal de balsas e, nos próximos anos, faremos o mesmo nos terminais de cruzeiros, que é um dos maiores da Europa. É um tipo de embarcação que contamina muito e está próxima da população, e portanto estamos trabalhando na descarbonização”, afirmou.
Após a apresentação, o grupo fez uma visita ao canal de navegação, onde pôde ver de perto a variedade da infraestrutura do porto. O porto mantém parte da antiga estrutura, de quando foi inaugurado no século XVII.
O complexo opera com um calado que varia entre 8 e 16 metros, o que traz desafios para a atuação no terminal de contêineres da APM Terminals, localizado em um espaço de 8 metros de profundidade, na região mais antiga do porto. A administração já prepara uma dragagem para 16 metros no trecho que atende o terminal, para separar espaços para embarcações de pequeno, médio e grande porte.
ZAL
Com o fim da apresentação sobre o porto, a comitiva foi até a Zona de Atividades Logísticas (ZAL) de Barcelona. Fundado em 1994, o empreendimento é uma plataforma logística intermodal, pensado para atrair mais cargas ao Porto de Barcelona.
A instalação serviu de inspiração para os membros da comitiva. O presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop), Sérgio Aquino, destacou a instalação como um modelo a ser seguido no Brasil. Segundo ele, o texto do novo marco regulatório do setor portuário no país pode ajudar a promover a chegada de zonas com esse caráter, já que as autoridades portuárias seriam capazes de atuar no desenvolvimento de áreas fora da poligonal.
“A legislação hoje no Brasil inviabiliza, mas na proposta apresentada pela comissão de juristas há um artigo permitindo isso, porque lá diz que o porto poderá fazer investimentos fora da área de administração do porto, desde que autorizado pelo poder concedente. Essa é uma prática já adotada há um bom tempo nos portos europeus e dos Estados Unidos também. É uma visão estratégica de pensar fora do porto, pensar em fomentar o negócio portuário”, ressaltou.
A ZAL é uma iniciativa ligada à Autoridade Portuária de Barcelona, que mantém a maior parte das ações. O formato permite que a ZAL traga novas empresas para atuarem no espaço sem necessidade de licitação, em uma negociação direta.
“Se nós, no Brasil, queremos ser competitivos, temos que aproveitar essas viagens para fazer com que essas práticas de sucesso no mundo se transformem em realidade. Não adianta a gente apenas ver. Nós temos que conseguir que o Brasil aplique as melhores práticas mundiais”, pontuou Aquino.