A vereadora da Câmara Municipal de Santos, Telma de Souza (PT), protocolizou representação no Ministério Público Federal no último dia 27 (Divulgação)
Região Sudeste
Vereadora recorre ao MPF contra privatização do Porto de Santos
Telma de Souza pede a suspensão do processo alegando riscos de demissões de trabalhadores e para as empresas que operam no complexo
A vereadora da Câmara Municipal de Santos (SP), Telma de Souza (PT), protocolizou representação no Ministério Público Federal, no último dia 27 (terça-feira), solicitando a suspensão do processo de privatização da Santos Port Authority (SPA), que administra o Porto de Santos. O MPF ainda não instaurou inquérito para apurar as denúncias apresentadas na petição.
A denúncia é baseada em suposta “ilegalidade de demissões de servidores públicos em ano eleitoral”, segundo alega a parlamentar e ex-prefeita de Santos.
Advogada que assina a petição, Telma explica que o processo de desestatização em curso quebra o vínculo empregatício dos funcionários da Autoridade Portuária, extingue a função dos trabalhadores portuários avulsos, em razão do fim do chamado cais público e prejudica os beneficiários do Portus, o fundo de pensão suplementar dos portuários. Ela também argumenta que o processo provocará insegurança jurídica no setor, especialmente no ambiente concorrencial entre as empresas, operadoras e terminais.
“O Governo Federal atual quer acelerar esse processo por conta de interesses particulares. Mas está ignorando a lei eleitoral, que impede a violação do vínculo de trabalho para os funcionários da Codesp e os portuários avulsos, que se equiparam aos servidores públicos. É por isso que apresentei a denúncia por crime eleitoral, na defesa dos portuários e dos legítimos interesses do porto e da Baixada Santista”, afirma Telma.
Para a vereadora, a privatização pode gerar riscos às operadoras portuárias atuais, que são empresas privadas, e às operações de cruzeiros turísticos.
“Ainda temos o risco para a população local e para esses passageiros com a autorização para a instalação de um armazém de fertilizantes à base de nitrato de amônio”, ressalta. Ela listou a tragédia da explosão de armazém do mesmo nitrato de amônio em Beirute, capital do Líbano, em agosto de 2020, que resultou em 200 mortes e na destruição quase total da cidade.
Telma também classificou como altamente preocupante o risco social a ser gerado pela perda de empregos e negócios de pequenos e médios operadores. “Mais de um terço do comércio exterior do Brasil passa pelo nosso porto, que é a maior riqueza da região. A perda de postos de trabalho, tanto dos funcionários da antiga Codesp como dos portuários avulsos, vem primeiro com essa privatização e depois teremos reflexos, imensos, na economia geral das cidades, como a redução de ISS”, afirma a parlamentar.
Procurado, o Ministério Público Federal informou que recebeu a representação da vereadora, mas ainda não instaurou inquérito para apurar as denúncias apresentadas.
O Ministério da Infraestrutura também foi contatado, mas não enviou um posicionamento sobre o caso até o fechamento desta matéria, às 19h30.