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BE News entrevista o presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), brigadeiro da reserva Carlos Eduardo da Costa Almeida. Crédito: Divulgação/Codern

Região Nordeste

Aos 90 anos, Porto de Natal debate projeto de expansão

7 de novembro de 2022 às 12:03
Vanessa Pimentel Enviar e-mail para o Autor

Confira entrevista com o presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), brigadeiro da reserva Carlos Eduardo da Costa Almeida

O Porto de Natal (RN) celebrou 90 anos no último dia 24 de outubro. E comemorou a data com a chegada do primeiro navio de cruzeiros após as restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Até abril do próximo ano, são esperados mais oito navios trazendo turistas, o que ajuda a movimentar a economia local e o turismo, importante atividade para o estado. 

Os passageiros que desembarcam no complexo marítimo contam com opções de passeios pela capital e praias do Rio Grande do Norte, e acabam gastando na região, em média, US$ 200 cada.

Além das embarcações de passeio, o Porto de Natal – que é administrado pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) e tem como presidente, desde abril deste ano, o brigadeiro da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) Carlos Eduardo da Costa Almeida – movimenta, em destaque, frutas, sal, rochas (para exportação), açúcar, trigo e cargas gerais.  

Há anos, o complexo portuário potiguar enfrenta desafios relacionados, principalmente, à necessidade de expansão, hoje limitada pelo crescimento da cidade ao redor da região dos terminais. Neste sentido, há um projeto do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne) que estuda uma possível obra de ampliação na margem esquerda do Rio Potengi, em frente à área atualmente ocupada pelo Porto de Natal. O empreendimento, batizado como Porto Potengi, prevê mil metros de cais acostável linear e uma retroárea de 1 quilômetro quadrado, aproveitando o canal de acesso e a bacia de evolução que já existem.

O novo equipamento possibilitará ainda, de acordo com o projeto, uma integração intermodal com o aeroporto Aluízio Alves e o interior do Estado, a ser feita por um ramal ferroviário único, com escala de uso para ser viável economicamente. 

Para que o empreendimento se torne realidade, será necessário um investimento de cerca de R$ 7 bilhões que, possivelmente, será viabilizado por Parceria-Público-Privada. 

A intenção é que o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da ampliação portuária comece ainda neste ano, num valor de R$ 2 milhões, custeado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). 

A gestão atual tem trabalhado também para conseguir uma área para implantar um estacionamento de caminhões e um depósito temporário de contêineres, o que ajudará a aliviar o fluxo de veículos e evitar congestionamentos no entorno do atracadouro, que fica mais intenso na época da safra do melão, em meados de setembro. O terreno para esse projeto será o do antigo Parque de Tancagem de Santos Reis, em Natal. Porém, o local está contaminado por metais e hidrocarbonetos derivados das operações com petróleo que eram feitas ali. Portanto, para conseguir realizar esse feito, a Codern precisa negociar a liberação e a devida descontaminação por parte dos responsáveis, imbróglio jurídico e ambiental sobre o qual o presidente da Autoridade Portuária fala um pouco mais na entrevista a seguir. 

O sr. assumiu, em abril deste ano, como diretor-presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern). Nestes poucos meses à frente da administração, já dá para apontar qual o maior desafio de sua gestão? 

O maior desafio da nossa gestão é continuar o trabalho iniciado em 2019 (por Elis Öbrerg, presidente que antecedeu o mandato de Carlos) no quesito de governança, equilíbrio financeiro e investimentos. Dívidas foram sanadas, inclusive, com o fundo de pensão Portus, o que garante tranquilidade aos nossos empregados, que contribuíram durante muitos anos. 

E qual sua maior conquista?

Nossa maior conquista à frente da Codern é a concretização da entrega do Terminal Salineiro de Areia Branca ao consórcio arrendatário (o Intersal, formado pelas empresas Intermarítima e Salinor) no dia 1 de novembro, que vai proporcionar mais de R$ 100 milhões em investimentos, aumento na geração de empregos e fortalecimento da economia.

Qual a expectativa de movimentação de cargas até o fim deste ano para o Porto de Natal?

Temos nos mantido na média e vai depender da safra atual do melão. Mas nossa expectativa é sempre positiva e de que será maior que o ano passado, em torno de 700 mil toneladas (em 2021, foram movimentadas 614,6 mil toneladas). 

O sr. acredita que conseguirá a liberação do antigo Parque de Tancagem de Santos Reis para montar o estacionamento de caminhões? Se sim, tem um prazo para indicar? 

Nós estamos analisando possibilidades, dentre elas, a liberação do antigo Parque de Tancagem de Santos Reis, para instalar o pátio de caminhões. É algo em que estamos trabalhando, mas não temos como estipular prazos por depender de outras instituições, tendo como possível óbice laudo técnico de contaminação do solo, emitido pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema).

É esperado ainda para este ano o início do Evtea referente ao projeto de ampliação do Porto de Natal, a implantação do Porto Potengi. O sr. acredita que este prazo será mantido? E qual sua visão sobre o projeto de ampliação? 

Esse projeto tem à frente o Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), envolve o mandato do senador Jean Paul Prates e várias outras instituições. Temos dialogado com os envolvidos, participado de audiência pública, e consideramos uma discussão importante. O atual Porto de Natal não dispõe de áreas para crescer, pois a cidade cresceu ao redor do referido equipamento e o deixou limitado. Sem falar que o Porto Potengi tem a proposta da intermodalidade, envolvendo o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante e no futuro uma linha ferroviária.

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