O diretor de Transformação Digital da Wilson Sons, Eduardo Valença, e o CEO e cofundador da DockTech, Uri Yoselevich/Divulgação Wilson Sons
BE News
Wilson Sons investe em startup que monitora profundidade de portos em tempo real
Novo investimento partiu da companhia brasileira e de investidores estrangeiros
A companhia de navegação brasileira Wilson Sons, juntamente com outros investidores estrangeiros, anunciou novo aporte à startup israelense DockTech, ajudando a alavancar um total de US$ 2,5 milhões que darão fôlego para que a empresa siga realizando os testes de coleta dinâmica de dados de profundidade em vias navegáveis e aprimorando a tecnologia que permite que esse monitoramento seja feito em tempo real.
A nova rodada de investimentos contou com a participação dos fundos de venture capital theDOCK (Israel) e Cultivation Capital (EUA), além de investidores individuais. Os recursos captados vão apoiar a startup no desenvolvimento de novas aplicações, prospecção comercial, e permitir maior escala ao produto em estudo.
Para a Wilson Sons, o aporte reforça o compromisso da empresa com a inovação e a sustentabilidade no mercado nacional.
Fundada pelo empreendedor e ex-oficial da Marinha Israelense Uri Yoselevich, a startup DockTech, por meio da tecnologia de gêmeos digitais e análise massiva de dados, desenvolveu uma solução que utiliza dados batimétricos (medição da profundidade) coletados por rebocadores e embarcações de apoio portuário para criar uma representação virtual do leito marinho dos portos e vias de navegação.
Isso possibilita acompanhar em tempo real a profundidade dos canais e entender como o padrão de assoreamento dos portos pode afetar a segurança da navegação e o transporte de cargas.
Atualmente, a startup possui operações ativas em cinco países, contabilizando 95 embarcações monitoradas em 35 localidades. Além de monitorar os portos do Brasil, por meio da frota de 80 rebocadores da Wilson Sons, a startup opera nos Estados Unidos (Tampa Bay), Colômbia (Barranquilla), Romênia (Danúbio) e Israel (Ashdod e Danchor).
“Nos últimos meses, a DockTech obteve feedbacks positivos e muitos insumos para trazer o seu produto até o estágio atual. Os últimos testes no Brasil, nosso maior mercado atualmente, e em outras partes do mundo, nos mostram que os insights gerados pela nossa tecnologia ajudam os portos na gestão diária de suas operações”, explicou o CEO e cofundador da DockTech, Uri Yoselevich.
Para Uri, se o uso da tecnologia evitar custos desnecessários através de um planejamento mais assertivo das dragagens e permitir que mais carga seja embarcada nos navios, “estaremos cumprindo a nosso propósito”, disse.
Yoselevich explicou que a infraestrutura portuária mundial ainda não possui instrumentos capazes de monitorar em tempo real a profundidade dos canais de navegação e acesso aos berços de atracação.
É aí que a solução que está sendo criada pela startup trabalha, ao buscar maneiras de fazer essa medição de forma dinâmica, evitando restrições de calado operacional. “Uma das maiores dores do mercado portuário”, afirma o CEO.
Eduardo Valença, diretor de transformação digital da Wilson Sons, ressaltou que o mapeamento das variações no leito marítimo aumenta também a segurança da navegação “permitindo a otimização dos investimentos em dragagem nos portos brasileiros”, disse.
ACORDO
Em dezembro do ano passado, a Wilson Sons e a DockTech já tinham assinado um acordo de cooperação técnica com a Santos Port Authority (SPA), que administra o Porto de Santos (SP). O objetivo é o aperfeiçoamento do uso da tecnologia no maior complexo portuário da América Latina.
O bom resultado da solução proposta pela startup rendeu novas cartas de intenção assinadas em outros portos brasileiros, entre eles a Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA), que administra os portos de Vitória e Barra do Riacho; com o Porto do Açu (RJ); Portos RS, estatal que gerencia o Porto de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, e com a Praticagem do Rio de Janeiro.