De acordo com o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOs), a alta no preço do diesel continuará sendo um entrave para o setor no primeiro trimestre de 2023 (Divulgação/Pixabay)
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Operadores logísticos transportam 391 milhões de toneladas de produtos em 2022
Apesar de entraves, associação do setor aponta recorde nas operações do ano e aposta em expansão dos negócios em 2023
Os operadores logísticos (OLs) transportaram mais de 391 milhões de toneladas de produtos e investiram mais de US$ 3,4 milhões no setor neste ano, segundo a Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (Abol). Para 2023, a associação aposta no crescimento dos negócios e na criação do marco regulatório do setor.
“Mostramos, mais uma vez, a nossa força diante das adversidades e seguimos, agora, para um ano à frente de um setor em crescimento. Como entidade representativa, vamos trazer à tona temas relevantes, sempre contribuindo e discutindo com as associadas as melhores estratégias para o sucesso dos negócios”, afirmou a diretora-executiva da Abol, Marcella Cunha, apontando que o setor tem cerca de mil empresas, com idade média de 34 anos.
Marcella afirmou que, apesar do recorde alcançado, os lockdowns impostos na China no combate à Covid-19; a falta de contêineres no mercado global, a guerra na Ucrânia e o aumento em escala do preço do combustível impactaram fortemente a cadeia logística.
Segundo ela, a alta do diesel e de alguns insumos influenciou na redução da margem de lucro. “Apenas 30% dos operadores logísticos repassaram o aumento integral desses custos aos preços cobrados dos clientes. Reajustar contratos com embarcadores diante desse cenário de tantas flutuações no preço do diesel, em particular até agosto, foi um dos maiores desafios do segmento em 2022”, informou.
Vale lembrar que o diesel chega a compor, em média, 40% de todo o custo operacional do operador logístico, apontou a Abol.
A associação apurou ainda que para cada dia de paralisação de caminhoneiros, “os operadores logísticos levam 4,2 dias para se recuperarem e, para 38% deles, as perdas financeiras geradas são irrecuperáveis”.
“Estamos otimistas de que a economia nacional vai se recuperar e que continuaremos a ser um importante motor para o desenvolvimento do Brasil, uma vez que geramos 2 milhões de postos de trabalho, entre diretos e indiretos. Do ponto de vista de estratégia de expansão, os OLs terão um claro desafio quanto aos tipos de nichos e embarcadores que vão querer concentrar mais, uma vez que a pandemia trouxe novos outros players e demandas ao segmento”, afirmou Marcella.
De acordo com o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOs), a alta no preço do diesel continuará sendo um entrave para o setor no primeiro trimestre de 2023, já que o Brasil ainda conta com uma defasagem de 10% no valor do combustível em relação a outros países. Em 2022, o aumento elevou os custos logísticos para 13,7% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo apontou a pesquisa “Panorama do Transporte de Cargas no Brasil”, do ILOs.
Marcella observou ainda que o setor tem boas perspectivas em relação à regulamentação da atividade, com o avanço do Projeto de Lei 3.757/2020 na Câmara dos Deputados, que poderá proporcionar redução da burocracia e atração de investimentos.
“Há um desconhecimento generalizado sobre o papel do operador logístico, pois é um segmento sem regramento jurídico claro e com diversas classificações nacionais de atividade econômica (CNAEs). Conseguimos a aprovação do PL na Comissão de Viação e Transportes (CVT) da Câmara e a Abol seguirá com sua missão de demonstrar a importância dos OLs para a sociedade brasileira”, explicou a diretora executiva da associação, que representa os 32 maiores operadores logísticos do País, entre empresas multinacionais e nacionais.