Porto de Itajaí perde operações de contêineres a partir de janeiro

Incerteza sobre a permanência da APM Terminals no complexo fez armadoras migrarem suas linhas regulares para outros portos 

O Porto de Itajaí (SC) perderá toda a sua operação de contêineres a partir de janeiro. Isso porque o terminal da APM Terminals deixará de receber as linhas regulares de navios desse segmento devido às incertezas sobre a sua permanência no cais de Itajaí em 2023. A companhia firmou contrato provisório de arrendamento dando continuidade às suas operações somente no último dia 9, mas já era tarde para reverter a situação em curto prazo.  

“Diante do cenário de incertezas sobre a permanência da APM Terminals em Itajaí, as linhas que atuavam conosco acabaram migrando para outros portos. Perdemos o timing para garantir que os serviços ficassem, porém o mais importante agora é olhar para o futuro. Já estamos trabalhando arduamente para recuperar carga e reposicionar Itajaí na rota comercial. Sabemos que será um período extremamente desafiador, mas já passamos por outros momentos como este e superamos. Vamos precisar contar com o apoio de todos nessa jornada”, declarou o diretor-superintendente da APM Terminals Itajaí, Aristides Russi Junior.

“Nesse momento, o que podemos afirmar é que começaremos 2023 com serviços acessórios, que são, por exemplo, LCL e carga aérea, além de linhas e RoRo (carros), mas sem linhas de contêineres”, esclareceu o executivo.

A APM Terminals Itajaí SA responde por 100% da movimentação de contêineres no Porto de Itajaí e sua eventual saída poderia causar um desequilíbrio econômico-financeiro local. 

Em vídeo publicado em sua conta no Instagram, o prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni, atribui o impasse na permanência ou não da APM Terminals ao “atraso do Governo Federal em realizar o leilão para definição da nova arrendatária (do Porto de Itajaí) para as próximas décadas. Fizemos várias reuniões com os seus diretores (APMT), mas todas as vezes nos informaram que não poderiam manter os trabalhos nas mesmas condições econômicas e financeiras do contrato atual”, declarou.

Em 1º de novembro, a empresa havia confirmado que cumpriria o contrato atual até o seu encerramento no dia 31 deste mês, e não renovaria o arrendamento. 

Antes disso, em agosto, após a APM Terminals manifestar que não pretendia renovar o contrato de arrendamento, a Superintendência do Porto de Itajaí (SPI) publicou dois processos seletivos simplificados visando selecionar a melhor proposta para exploração do terminal de contêineres (“A”, berços 1 e 2) e os berços 3 e 4, de carga geral. Segundo a SPI, as seleções foram abertas porque o edital de leilão para a desestatização do Porto de Itajaí não foi lançado em junho pelo Ministério da Infraestrutura, conforme estava previsto. 

A CTIL Logística Ltda. venceu o certame para o arrendamento transitório do terminal de contêineres (área “A”). Porém, os dois processos seletivos foram cancelados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que, após análise dos documentos, alegou potencial violação do interesse público nas operações. 

Então, em 10 de novembro, a diretoria da APM Terminals voltou atrás e anunciou o aumento de sua proposta inicial em 460%, do valor mensal de R$ 500.000,00 para R$ 2.300.000,00. A SPI aceitou e o contrato provisório foi formalizado no dia 9 de dezembro.  

“Gostaria de dizer que, assim como recuperamos o porto em 2017, vamos fazer o mesmo agora. Após resolver o problema causado pelo Governo Federal em definir a nova arrendatária, concluir o leilão que está em curso, começaremos a recuperar imediatamente o faturamento do nosso terminal”, disse o prefeito.  

“Eu, pessoalmente, estou trabalhando junto à APM Terminals para trazer de volta e manter linhas no nosso terminal. Temos previsão, para janeiro, de cargas de cabotagem, carros, celulose, ferro e outras. Isso sem falar dos transatlânticos de passageiros, que já estão ancorando em nosso porto e movimentando a nossa economia. É a maior temporada de cruzeiros da história de Itajaí”, finalizou Morastoni.

Procurado para comentar sobre as declarações do prefeito de Itajaí, o Ministério da Infraestrutura não retornou até o fechamento desta matéria.