A área plantada no estado do Acre em 2019 era de 1.660 hectares. Cinco anos depois, em 2024, o espaço chega a 17.500 hectares, número que representa um aumento de 954%. Foto: Marcos Vicentti/Secom
Região Norte
Acre registra crescimento histórico em exportações
Avanço no cultivo de grãos é um dos grandes responsáveis pelo aumento no agronegócio do estado
A economia acreana vive um dos melhores momentos da história. As exportações do estado do Acre atingiram número histórico e a produtividade no setor agrícola segue batendo recordes. Os fatores positivos colocam o Acre na sétima posição entre os estados brasileiros que devem ter o maior crescimento no PIB em 2024.
O avanço no cultivo de grãos é um dos grandes responsáveis pelo aumento no agronegócio do Acre, especialmente a soja, principal commodity do país, que também foi o produto mais exportado pelo estado no ano passado.
A área plantada em 2019 era de 1.660 hectares. Cinco anos depois, em 2024, o espaço chega a 17.500 hectares. Salto de 954%.
A safra 2023/2024 está estimada em 60 toneladas e meia, volume 32% maior em relação à colheita anterior.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, no ano passado foram movimentados US$ 18,8 milhões por meio da comercialização do produto.
O secretário da Agricultura do Acre, José Luis Tchê, destacou que a produtividade na região tem atraído novos negócios para o estado. “Nós temos uma das melhores médias por hectare. Enquanto a média é de 56%, 57%, nós chegamos a 61%. O importante de tudo isso é que começam a surgir no estado, empresas como fábrica de ração e tantas outras, o que quer dizer que esse produto vai agregando valor e vai diminuindo o nosso custo na criação de gado, peixe, entre outros, explicou.
O aumento das exportações em 2024 é exponencial. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, no primeiro semestre, as exportações do Acre movimentaram 48,6 milhões de dólares, superando o valor total de 2023, quando foram registrados 45,8 milhões.
A localização do estado, que faz fronteira com Peru e Bolívia, é estratégica para realizar vendas e acordos de importação com os dois países sul-americanos.
Neste ano, a soja segue na liderança entre os produtos acreanos vendidos para fora do país. O valor das vendas da commodity já chegou a 21,3 milhões de dólares, representando 44% do total exportado. Carne bovina, carne suína, castanha-do-pará e madeira fecham a lista dos cinco principais produtos mais exportados no início deste ano.
Na semana passada, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, afirmou que nos próximos quatro anos o estado pode atingir a marca de 1 bilhão de reais em exportações.
“Hoje, nós olhamos pro Peru e pra Bolívia, e num raio de 750 km nós temos praticamente 30 milhões de habitantes. E nós temos a 1300 km um novo porto, que será inaugurado no mês de novembro, no Peru, que é o Porto de Chancay”, explicou Tchê, ressaltando que a localização do estado tem sido importante para atrair novos investimentos.
Desafios
O crescimento na produção acreana também gera desafios logísticos para o estado, especialmente para o escoamento de cargas.
Segundo a CNT, Confederação Nacional dos Transportes, o Acre é o segundo estado que apresenta maior quantidade de pontos críticos nas rodovias, principal modal para o transporte de cargas no país. A pesquisa anual da CNT foi divulgada no início deste ano. O estudo aponta que, no ano passado, o estado tinha mais de mil e cem quilômetros de estradas em condições ruins ou péssimas. De acordo com a associação, as rodovias acreanas têm 374 pontos críticos.
O Governo do Estado já analisa os investimentos necessários e avalia a diversificação de modais para desafogar a demanda nas rodovias.
“A gente vem avançando e trazendo os recursos para fazer essa recuperação. O estado do Acre tem uma característica própria dele, temos um solo que não tem pedra, é um solo diferenciado de qualquer outro estado. Então, a dificuldade na construção da rodovia traz um custo muito alto para nós”.
O secretário ainda destacou que o modal ferroviário é uma alternativa para melhorar o escoamento das cargas. “A gente sonha muito com o desenvolvimento de uma linha férrea. Vem se discutindo há muitos anos […], chegando no Peru e, talvez, no Porto de Chancay. Nos ajudaria na logística de toda a região. Teríamos um ganho muito grande para chegar, por exemplo, no mercado asiático”.