Região Nordeste
Autoridades e especialistas ressaltam a necessidade de ferrovias no Nordeste
Investimentos no setor são urgentes para que seja possível alcançar a intermodalidade e manter a competitividade das operações
A falta de opção para escoar as mercadorias por ferrovias no Nordeste do País atrapalha o desenvolvimento da região, impede a intermodalidade e encarece as operações. Esses foram os pontos em comum discutidos ontem (26) pelos palestrantes do Nordeste Export que fizeram parte do último painel, que teve como tema o “Aperfeiçoamento das conexões multimodais com os portos e soluções logísticas inovadoras”.
Para o diretor da Agemar, Manoel Ferreira, não existe intermodalidade no Nordeste, principalmente, pela falta de investimentos na malha ferroviária, o que torna a matriz rodoviária tão cara. “Os portos do Nordeste são muito bons, mas os acessos são ruins. Isso atrapalha a logística e aumenta o tempo de viagem da mercadoria”, exemplificou Manoel.
O diretor da Transglobal, Renato Freitas, disse que, ao sancionar o Marco Legal das Ferrovias, o Governo Federal deu início a uma grande mudança no cenário logístico do transporte de cargas, mas que isso é só o começo.
“O Governo fez um excelente papel com o Marco das Ferrovias e a BR do Mar (programa de incentivo à cabotagem), mas se não melhorarmos a infraestrutura do País, os acessos, com prazos definidos, não conseguimos ter integração, algo essencial no ramo logístico. Não se constrói nada sem integração”, pontuou Renato. Segundo ele, a partir do momento que os processos estão integrados, é possível agregar valor à cadeia logística.
O presidente do Conselho da Intermarítima Portos e Logística S.A., Roberto Oliva, acredita que os investimentos em infraestrutura não podem ser política de governo e, sim, política de Estado. “Caso contrário, acontecem os retrocessos políticos”, explicou Roberto.
O diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Conceição da Silva, alertou sobre a necessidade de investir e explorar todos os modais de transporte, visto que o país tem dimensões continentais.
“No Brasil isso é uma necessidade para que a gente consiga otimizar a trajetória da carga. Sabemos que são investimentos altos, mas só assim o país se desenvolve. E agora o Governo entendeu que o investimento não tem que vir dele, e sim do empresário”, explicou Jesualdo.
Ele também detalhou o papel da ABTP junto às negociações entre investidores e o Ministério da Infraestrutura. “A Associação cria condições para que o dinheiro do empresário venha, com segurança jurídica, com desburocratização e diálogo. É de extrema importância ouvir os empresários para sabermos como devem ser as ações. Cabe então à ABTP canalizar as demandas do setor, buscar o enquadramento legal de cada uma delas e dialogar com o governo”, esclareceu o Diretor.
A conversa entre os participantes foi mediada pelo conselheiro do Nordeste Export, Fabio Silveira, e pela diretora-presidente da Companhia Docas do Ceará, Mayhara Chaves.