O presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, assina o contrato de cessão dos armazéns à Prefeitura, em evento realizado na Associação ComercialCrédito: Isabela Carrari/Prefeitura de Santos
Região Sudeste
Prefeitura promete Parque Valongo para julho do ano que vem
Prefeito anunciou prazo durante cerimônia de assinatura do contrato de cessão de uso gratuito da área dos armazéns 4 e 6
Em julho do ano que vem, quem for ao Centro Histórico de Santos (SP), mais especificamente na região da Alfândega, verá um novo espaço, totalmente revitalizado. É o que prometeu o prefeito da cidade, Rogério Santos ontem (2), ao receber da Autoridade Portuária de Santos (APS) a cessão do armazém 4 e de uma área que, no passado, abrigou os armazéns 5 e 6. A solenidade ocorreu na sede da Associação Comercial de Santos.
Agora, a Administração Municipal tem à disposição 14 mil m² para implementar o projeto Parque Valongo, que visa transformar a área entre os armazéns 4 e 6, entre as ruas da Constituição e Riachuelo, no Centro, em um espaço de lazer e convivência. Os armazéns 7 e 8 também integram a ideia, mas se mantêm geridos pela Autoridade Portuária, que é a responsável pela modernização do espaço.
Na prática, o armazém 4 será restaurado e explorado pelo segmento gastronômico e o terreno dos antigos armazéns 5 e 6 será integrado a este novo empreendimento, abrigando a área aberta do projeto, que ganhará um píer de observação, jardins, novo mobiliário e iluminação, playground, entre outras modificações.
Já os armazéns 7 e 8 serão reformados e passarão a oferecer atividades educacionais e tecnológicas em parceria com universidades. Inclusive, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que participou da cerimônia, “desafiou” a APS a entregar, também em julho de 2024, a revitalização dos galpões, o que completaria a proposta do novo parque. “O desafio da Autoridade Portuária é que, em julho, quando a prefeitura entregar a parte dela, ela entregue os galpões também”, declarou França.
O projeto do Parque Valongo é fruto do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em março entre o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e a Autoridade Portuária (APS), com participação da Prefeitura, a convite do MP como forma de compensação pela atividade portuária no conjunto que está sob proteção ao patrimônio histórico cultural.
Já os recursos serão divididos: R$ 15 milhões virão de uma empresa portuária multinacional que, segundo o prefeito, só terá o nome revelado em um prazo de 15 dias, quando deve acontecer também a assinatura para a liberação da verba; e R$ 20 milhões serão repassados pelo Governo Federal, informou o ministro.
A próxima etapa do projeto é a realização de uma audiência pública para ouvir os anseios e as sugestões da população e entidades que queiram participar do processo. O secretário de Desenvolvimento Urbano de Santos, Glaucus Farinello, afirmou que a reunião de ampla discussão será marcada para este mês e deve ser realizada na Associação dos Engenheiros e Arquitetos do município.
“Por ora, será apenas uma audiência, mas dependendo de como for essa primeira, podemos marcar outras”, adiantou Glaucus, afirmando também que o projeto já tem o aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Condepasa).
O governo do Estado também precisa ser consultado, já que é o responsável, através do Departamento Hidroviário (DH), pela travessia de barcas Santos-Guarujá, cujo embarque de passageiros ocorre em áreas que receberão as obras. “O livre acesso às barcas permanece. A diferença é que as pessoas vão passar pelo Parque Valongo para acessar as barcas”, explica Glaucus.
Roda gigante e marina
A proposta ainda pode receber novas ideias, como a construção de uma marina e até de uma roda gigante, mas, caso isso aconteça, “serão outros recursos que teremos que buscar”, diz Farinello. Já as atividades internas do armazém 4 serão exploradas pela iniciativa privada.
Existe também a possibilidade de uma nova passarela de acesso, semelhante à instalada ao lado da Alfândega, nas imediações do Armazém 4, para facilitar a circulação de pessoas.
A solenidade contou ainda com a presença do presidente da APS, Anderson Pomini; do deputado estadual Caio França; do presidente da Câmara de Santos, vereador Cacá Teixeira; e do deputado federal e presidente da Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos, Paulo Alexandre Barbosa.
Mudança de local do terminal de passageiros é a próxima meta do governo em Santos
Após anunciar que a obra do túnel imerso ligando as duas margens do Porto de Santos (SP) é a prioridade do Governo Federal e da nova gestão da Autoridade Portuária de Santos (APS), bem como ver a região central da cidade revitalizada pelo projeto do Parque Valongo, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, ressaltou que a próxima meta do Governo Federal para a região é a transferência do Terminal de Passageiros de Santos – hoje na região do Outeirinhos – para a nova área do Valongo.
Ontem (2), durante a solenidade de cessão de armazéns antigos da União para a prefeitura, França disse que a ideia é que o equipamento, administrado pelo Concais SA, seja instalado na área dos armazéns 1, 2 e 3 (sob gestão da APS), ficando ao lado do Parque Valongo, que começa no galpão 4 e irá se transformar em um espaço de lazer aberto à população.
França destacou que a transferência do equipamento é mais um desafio que a nova gestão da APS irá enfrentar, mas que pode ser feita “em breve”, já que a alteração está no planejamento da estatal, visando aproximar o turismo marítimo ao Centro da Cidade e contribuindo com os projetos de retomada da região em uma iniciativa da prefeitura.
“Vamos agora buscar a transferência do terminal para aquela região (Valongo), que é o lugar adequado, com calado adequado e que vai permitir que o turista contemple o centro histórico, que de tão bonito é requisitado até para gravações de novelas”, citou o ministro.
De acordo com ele, o projeto deve custar R$ 1 bilhão. “É uma obra bem maior (em relação ao Parque Valongo). R$ 500 milhões virão da própria empresa e R$ 500 milhões do governo Federal, o que viabiliza trazer os navios de cruzeiro para a área central da cidade”, disse França.
O ministro também citou que foi informado que 25 prédios de propriedade da Autoridade Portuária de Santos estão abandonados. “Isso não pode acontecer. Nós queremos dar utilidade a eles, transformando em escolas ou ONGs”, explicou, sem ainda citar detalhes de como isso será feito.