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terça, 07 de maio de 2024
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Queit Elisandra Zunino

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Lugar de mulher é também em tecnologia

 Ela perguntou ao professor de Cálculo: “Por que minha nota é mais baixa, se respondi igual aos meus colegas?”. E ele respondeu: “Para aprender que o mercado sempre te avaliará para baixo e você precisa ser melhor que eles”. Ouvi este relato de uma mulher em uma sessão de mentoria e fiquei estarrecida. Este é um dos motivos pelo qual existe o Dia das Mulheres, porque ainda vivemos numa sociedade que educa e avalia competências usando medidas diferentes por gênero. É preciso agir para mudar esta realidade.

Um estudo das universidades de Houston e Washington de 2021 (1) mostrou que crianças com 6 anos já começam a desenvolver a ideia de que meninas são menos interessadas em computação e engenharia do que meninos. Imagine agora como seria o nosso mundo se estivéssemos dizendo para estas meninas: sim, você pode! Quem sabe haveria mais mulheres presidentes, as Copas do Mundo de Futebol Feminino seriam tão populares quanto às masculinas? E posso afirmar que haveria muito mais mulheres em tecnologia do que apenas 27,8%, segundo relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF).

Vivemos num mundo em transformação digital, que exige inovarmos continuamente. E um ingrediente fundamental da inovação é a diversidade. Mulheres e homens têm visões diferentes e, em tecnologia, isto é essencial para a resolução de problemas, criação de produtos de software e serviços.  A sociedade é diversa, o cliente é diverso, então precisamos olhar por este caleidoscópio de visões opostas que se complementam para inovar. A não inclusão das mulheres na economia digital custou US$ 1 trilhão do PIB de países de baixa e média renda, como o Brasil. Os dados são da ONU Mulheres.

É preciso olhar e refletir sobre estes dados. E para mim, fica claro que a tecnologia é uma chance para transformar o emprego da mulher e a sociedade. Mas como fazer isto? Para trilharmos este caminho, temos muito a fazer. Por exemplo, você sabia que, num processo para se candidatar a uma vaga, as mulheres avaliam que precisam atender a 100% dos critérios da vaga, enquanto os homens geralmente disputam a vaga após atender cerca de 60% dos requisitos. Dados do Linkedin (2). Então repensar os processos de seleção faz parte desta jornada.

Mas como gerar o interesse das mulheres em tecnologia e nas vagas? Precisamos incentivar programas inclusivos que gerem pertencimento e ambiente seguro de aprendizado para as meninas e mulheres em Tecnologia. No Brasil, temos alguns excepcionais, como o Reprograma, PrograMaria e Elas Programam. Elas também precisam de exemplos, de histórias de vidas de mulheres impactadas positivamente pela tecnologia. E há comunidades que oferecem esta conexão e mentoria, como o MCIO, Ser mulher em Tech e IT de Salto.

Voltando ao básico, muitas destas mulheres têm uma dupla jornada entre o trabalho e suas casas, onde precisam dar conta também das tarefas domésticas e necessidades da família. Este não é um papel exclusivamente feminino, mas a cobrança é mais pesada para as mulheres em uma sociedade em desconstrução. Desta forma, precisamos desenvolver a escuta ativa nas organizações, entendendo como apoiar e incentivar o respeito às diferenças.

Olhe ao redor para sua família, trabalho e amigos: talvez haja uma menina cheia de sonhos esperando seu apoio e estímulo para saber que tecnologia também é para mulheres.

 

 

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TAGS computação engenharia equidade de gênero Fórum Econômico Mundial mercado corporativo universidades de Houston

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