Mulheres inspiradoras
Acredito, de verdade, que todo mundo tem uma mulher em quem se inspirar! ELA, seja pela atuação profissional, seja pelo comportamento ou, simplesmente, pelo jeito de ser e se posicionar na vida.
Nesse quesito, eu nasci abençoada, em uma família de mulheres inspiradoras. Minhas duas avós, materna e paterna, eram mulheres fortes. A avó paterna, Trindade, espanhola brava, firme, verdadeira mulher de negócios. Comprava. Vendia. Negociava. Não passava aperto, não. Desaforo, com ela não vingava.
A materna, apesar do nome Suria (Síria, em árabe), era libanesa. Única mulher de uma prole de oito filhos. Ela não vendia, não comprava, não fechava negócios, mas costurava e ria como ninguém. Fazia um vestido “em uma sentada”. Passou por não poucas, tampouco boas nessa vida, mas me inspirava o seu bom-humor. Nunca deixou de sorrir e, com essa leveza, sustentava todos ao seu redor.
Tias. Mãe. A graça de ter duas irmãs. Comadre. Afilhada. Muitas professoras inspiradoras. E, desde quando iniciei minha vida profissional, sempre tive contato com mulheres nas quais pude me espelhar. Inclusive já trabalhei com uma das primeiras repórteres investigativas, da editoria policial, do Paraná.
Até quando estive em trabalho voluntário no Haiti, ELAS sempre estavam lá. Aqui, aliás, vale a pena me alongar um pouco mais. Fui voluntária com as irmãs, freiras, catalãs da congregação das Carmelitas de Vedruna. Vivi com três delas por 60 dias lá no país da América Central: Núria, Carmen e Isabel.
A cidade era Fonds Parisien, com cerca de 35.000 habitantes. O “bairro” era Kou de Pinganot (só aqui, há mais de seis mil pessoas). Com as três Vedrunas, eu me impressionava todos os dias com tanto trabalho e dedicação. Lá, sozinhas, as três desenvolviam vários projetos com a comunidade – inclusive criaram uma granja comunitária, tocada apenas por mulheres do bairro. Elas eram mulheres fortes, integradas e muito capazes – profissional e espiritualmente preparadas.
Que sorte a minha, porque, ao longo desses 18 anos de profissão, sempre foi assim. Porém, confesso que, no ambiente marítimo e portuário, isso fica ainda mais forte. Afinal, é inegável que nessas áreas, em especial, a presença feminina ainda não é tão grande quanto poderia – e teria tudo para ser, da operação do cais até o cargo mais alto da gestão das grandes empresas que atuam no segmento.
Tatiana. Ana Carolina. Ajan. Shimla. Emaculate. Bhavna. Amany. Samah. Wafa. Victoria. Claire. Vanessa. Vanina. Fernanda. Luciana. Shana. Núria. Patrícia. Bruna. Chimene. E muitas outras que tive a honra de conhecer pessoalmente ou, de longe, pelo trabalho e dedicação à logística e à infraestrutura brasileira e mundial.
Espero que meus textos aqui, no BE News, tenham atingido o propósito de destacar, valorizar e incentivar as mulheres a seguirem com tudo, se essa for a vontade, ou vocação.
Que nós, mulheres da área, possamos perseverar, crescermos juntas e, conosco, trazermos muitas outras mais. Que possamos, nós mesmas, sermos espelho e inspiração para ELAS e para também para ELES, os nossos colegas, nossos diretores, gerentes, coordenadores, a entenderem e virem conosco nessa causa, por um ambiente mais igualitário. O que será infinitamente melhor para todos!
Melhor do que uma mulher te incentivando a seguir adiante, é poder contar com várias pessoas unidas pela promoção da equidade de gênero no setor e, exatamente, pela redução “desse gap” que existe, especialmente, nas posições de liderança da área.
Está aí um bom presente para mais um 8 de março. E a todas nós, que tenhamos, neste “Dia da Mulher”, a certeza de que não há data marcada, nem tempo de validade para chegarmos onde queremos estar e nos destacar.
Não tenho certeza se inspiro outras pessoas ou não, mas, a essa altura, estou mais do que certa de que coleciono muitas histórias de mulheres inspiradoras – dentro e fora dos portos – para contar.
Obrigada pelo espaço e até uma próxima!
